August 31, 2016

O propósito principal do ser humano

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“Digno és, Senhor e Deus nosso, de receber a glória e a honra e o poder; porque tu criaste todas as coisas, e para o teu prazer vieram a existir e foram criadas”. 
Ap 4.11

- Rosifran Macedo

Qual é o fim supremo e principal do homem? O fim supremo e principal do homem é glorificar a Deus e gozá-lo para sempre.1

Eu sempre concordei plenamente com a resposta, até ler o livro “The Problem of Pain”, de C.S. Lewis, onde ele faz a seguinte declaração: “Nós não fomos criados primeiramente para amar a Deus, (ainda que tenhamos sido criados para isto também) mas para que Deus nos ame, para que sejamos objetos nos quais o Amor Divino ‘descanse’ satisfeito”.2

Em Ap 4.11 a palavra usada para “prazer” pode ser traduzida por: propósito, vontade. Todas as coisas foram criadas para Deus, de acordo com sua vontade, seu desejo, seu prazer. Acho que não tem como separar a vontade e o prazer dele. Se Ele tem vontade de fazer algo, é porque isto o satisfaz. É o seu prazer. Cl 1.16, Rm 11.36, Ef 1.5.

Se pensarmos que o propósito supremo do homem é que ele faça algo para Deus, estamos centrando a sua existência nele mesmo, e Deus como objeto da sua ação. Se pensarmos que o propósito supremo do homem é receber algo de Deus, então o homem é que é o objeto, Deus é o Centro de tudo, inclusive da existência humana. Deus não existe em função do homem, e nem o homem existe em função de si mesmo. O homem existe em função de Deus. Ele é o recipiente da ação de Deus. Fomos criados para que Deus nos ame. Fomos criados para o seu prazer.

Criados para sermos recipientes do seu amor, agora somos caídos, corruptos, carentes da Sua presença, e Deus não vai ficar satisfeito até que sejamos quem ele planejou que fôssemos, que tenhamos o caráter adequado para receber o seu amor. Ele vai até as últimas consequências, até a morte, e morte de cruz. Ele também vai nos conduzir por caminhos que nos transforme - às vezes, caminhos desconfortáveis e dolorosos.

O verdadeiro amor não vai se contentar que o seu “amado” permaneça na sajerta, na sujeira, no estado de domínio do pecado. Ele nos mostra isto na história de Oséias e Gomer - depois de Oséias tirar Gômer da prostituição e casar com ela, a esposa volta para a prostituição. Mas Deus o ordena comprá-la novamente.

Diante disso, uma das declarações mais amorosas de Deus se encontra em 11.8: “Como te deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó Israel? (...) Está comovido em mim o meu coração, as minhas compaixões à uma se acendem”.

Lewis tenta mostrar este amor de Deus para conosco usando algumas ilustrações, bíblicas, de relacionamentos. Todas são limitadas, mas juntas, elas pintam um quadro que nos ajuda a contemplar este amor divino.3

A primeira é a relação do artista e sua obra. Jeremias fala do oleiro e do vaso (18). Pedro nos chama de “pedras vivas” (1 Pe 2.5), e Paulo de “edifício de Deus” (1 Co 3.9). Todas falam do desejo do artista em executar sua obra com perfeição. Ele não fica satisfeito até que a obra tenha o caráter intecionado. É o seu prazer. É assim que Deus nos ama.

A segunda é a relação do homem com animais. O Salmo 23 é a analogia bíblica mais conhecida. É melhor do que a anterior, pois o “objeto” aqui é senciente. A relação do homem com o animal (o cachorro, por exemplo), visa, principalmente, a intenção do homem. O cachorro existe para realizar este desejo do homem, e não o contrário. O bem estar do cachorro será preservado, e a intenção do homem só será plenamente alcançada se o cachorro também o amar de volta. Para isto, o homem interfere na realidade do cachorro e o faz mais amável do que ele é na natureza.

A terceira é uma ilustração mais nobre, o amor de um pai pelo filho. Embora as relações paternais no período fossem mais autoritárias do que as modernas, no entanto, o padrão continua. O amor paternal significa “amor-autoridade” de um lado e “amor-obediência” do outro. O pai usará seu amor e autoridade para moldar o filho na pessoa que ele, na sua sabedoria e experiência, deseja que o filho se torne.

Por último, o amor entre um homem e uma mulher. O amor deseja e busca o bem, o crescimento, o aperfeiçoamento da pessoa amada. Quando amamos não paramos de nos importar com o estado do outro, se está agradável ou desagradável, decente ou indecente. Se uma mulher perceber que o marido deixou de se importar com o estado emocional e a aparência dela, ela irá questionar o amor dele por ela. O amor perdoa todas as falhas, e ama apesar delas, mas nunca deixa de desejar a remoção destas.

Lewis fala que o amor de Deus é persistente como o amor do artista; autoritário como o amor de um homem por seu cachorro; providente e venerável como o amor do pai pelo filho; zeloso, e inexorável como o amor entre os sexos.

Não dá para entender isto. Ultrapassa todo o entendimento pensar que o Criador, que não precisa ou depende de nada, deseja, tem prazer e dá tanta importância a criaturas como nós. Só nos resta por de joelhos em adoração porque o dever principal da nossa existência deve ser glorificá-lo para sempre.

A vida na sua plenitude é gozar deste amor com Ele.

Notas:
1. Primeira pergunta do Catecismo Maior de Westminster.
2. CS Lewis, The complete CS Lewis Classics, pg 574.
3. Ibid, 570-574


Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/c-s-lewis-e-o-proposito-principal-do-ser-humano

August 30, 2016

Quando os justos sofrem

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“Vós bem intentastes mal contra mim, porém Deus o tornou em bem.”
Gn 50:20

- Luis Antonio Luize

Em boa parte dos presídios vemos pessoas sofrendo pelo que fizeram e, via de regra, se declaram inocentes, culpando qualquer outro, tal como a sociedade, o governo, algum familiar ou alguma outra pessoa. Quando se paga a pena sendo culpado é uma coisa, mas sofrer sendo inocente é bem diferente.
Depois da rejeição, creio que sofrer injustamente seja a situação mais difícil para o ser humano suportar. No entanto, o princípio da cruz é exatamente este: o justo pagando pelos pecadores.
Basta olhar nossa sociedade e observar que é assim. Pagamos mais seguro porque alguém que seja imprudente causa prejuízos às corretoras, que então cobram mais de todos. Temos leis em relação à segurança, porque alguns cometem ilegalidades.
Como vivemos numa sociedade corrompida, precisamos que Deus intervenha e nos ajude a mudar a situação.
Certo sujeito, vou chamá-lo de João, foi levado à uma posição de liderança na sua empresa. Ao chegar nesta posição percebeu que os lideres anteriores haviam feito coisas erradas e até ilícitas. João ficou muito chateado com isso, pois agora estava pagando o preço pelo que outros fizeram, além de toda a preocupação que estava sentindo.
Certo dia indo ao trabalho, entrou em oração enquanto dirigia. Sua oração era de lamúria pelos acontecimentos e reclamando com Deus porque a culpa dos outros tinha que recair sobre ele.
Subitamente o Espírito Santo tocou em seu coração e ele teve uma visão da cruz em que Cristo morrera. Só então percebeu que um justo havia morrido pelos pecadores.
Deu-se conta de que toda rejeição, amargura, desgraça, desigualdade, podridão, ruindade e rebeldia humanas recaíram sobre Jesus.
Só então pode entender que não devia julgar e nem atribuir culpa àquelas pessoas, mas perdoá-las e amá-las. Foi assim que a humildade tomou o lugar do orgulho, a submissão substituiu o senso de rebeldia e o amor tomou o lugar do medo.
Da mesma forma ocorre quando assumimos para nós os pecados de outros. Isto é muito comum em família, quando alguém faz algo pelo qual somos julgados ou que tenhamos que carregar todo o peso. Quanta gente anda com seus corações carregados de mágoas pelo que receberam dos seus pais, pagando pelos erros de outros.
Quando entendemos, pelo Espírito Santo, que precisamos perdoar e liberar essas ofensas é que seremos verdadeiramente livres.
Quantos estão pagando pelos erros dos outros, embora não sejam culpados. Isso pode acontecer. Foi para isto que Cristo veio ao mundo. Ele abriu o caminho para que eu e você possamos perdoar os pecados alheios e nos libertar deles.
José fez menção a isto quando disse o texto citado logo acima, do qual grifo Porém Deus.
Estas duas palavras se transformam num marco e ponto decisivo na história de todo ser humano. Deus pode transformar qualquer situação que estejamos passando, seja perseguição, uma forte luta ou um sofrimento injusto. Para tudo há uma solução – a Cruz.
A situação que nosso País passa hoje leva muitos a sentirem que estão sofrendo injustamente, porque um governo corrupto sugou todas as finanças gerando desemprego e desesperança.
Tudo na vida tem potencial de produzir algo bom ou ruim sobre nós. Quando um justo sofre pelo erro de outro visando o seu bem, isto é positivo. Por outro lado, ser inocente e sofrer de maneira negativa não é.
Somente Deus é capaz de transformar os aspectos negativos da nossa vida em positivos. José disse Porém Deus.
Coloque sua fé em Deus, na Sua Palavra e no Seu Poder e observe a transformação que Ele fará em sua vida, levando todo peso, tristeza e amargura embora, substituindo-os pela Sua abundante Paz.
PARA EXERCITAR
  • Tenho sofrido injustamente mas ajudando a outros?
  • O que posso fazer para entregar a Deus todo o peso que tenho sentido?
“Pai celestial, quero perdoar todas as pessoas que me fazem sofre d maneira injusta. Entrego a Ti meus sentimentos e meu fardo para que o Senhor possa substituir pelo Teu amor e paz. Que a partir de hoje eu possa caminhar mais leve pela vida. Amém!“
Fonte: http://www.ichtus.com.br/dev/2016/08/29/quando-os-justos-sofrem-a-mudanca-comeca-em-mim

August 29, 2016

Milagre não é produto, fé não é dinheiro e igreja não é feira

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- Edson Landi

“Terça feira do milagre urgente, às 9h”, dizia o anúncio de uma denominação neo-pentecostal. Ao olhar para as Sagradas Escrituras, podemos constatar que isso é um gravíssimo erro cometido por aqueles que não levam a sério a soberania de Deus pois esse tipo de ensinamento insinua que o Senhor Deus todo poderoso, criador e sustentador de tudo e de todos, está obrigado a seguir uma agenda criada por homens.

Alguns líderes evangélicos, dominados por uma arrogância exacerbada, estão pregando um falso evangelho. Estão invertendo os papeis, onde o homem dita as regras e Deus deve simplesmente obedecê-las.

Isso não é bíblico. Isso não é cristianismo.

O verdadeiro evangelho nos ensina que por mais que passemos por lutas e aflições e por maior que seja a nossa angústia, quem determina a urgência do nosso milagre é Deus.

O tempo de cura e de livramento pertence a ele.

O verdadeiro evangelho também nos mostra que nem todos os clamores registrados na Bíblia foram ouvidos. Nem todos os enfermos citados nas Escrituras foram curados. O apóstolo Paulo foi obrigado a conviver com seu misterioso “espinho na carne”.

E a graça divina lhe bastou. Foi suficiente. E o poder divino foi aperfeiçoado em sua fraqueza.

Segundo a Bíblia e a tradição cristã, a maioria dos apóstolos de Jesus foram cruelmente assassinados. E o Senhor foi glorificado em cada morte, em cada gota de sangue. Assim também foi com Estevão e com os milhares de cristãos que perderam e ainda perdem suas vidas por amor a Cristo.

O milagre da cura e do livramento não veio pra eles.

Será que foi porque eles não determinaram o dia e a hora em que queriam o milagre?

É obvio que não.

A nossa oração em relação àqueles que têm ensinado falsas doutrinas é que Deus tenha misericórdia de suas vidas e faça-lhes compreender que milagre não é produto, fé não é dinheiro e igreja não é feira.

O tão esperado milagre urgente poderá não vir.

Mas, em Cristo, a graça de Deus já veio.

E ela nos é suficiente.

A graça nos basta.

Fonte:  http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/milagre-nao-e-produto-fe-nao-e-dinheiro-e-igreja-nao-e-feira

August 28, 2016

O que o amor pode

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A soberania do rei dos reis

- Raul Drewnick           
O amor pode surgir andando ao nosso lado numa tarde em que a calçada, lambida pela chuva, fará soar como música nossos passos e os dele. O amor pode ir caminhando conosco, sem dizer uma palavra. Nós não lhe diremos nada, também. E nos entenderemos como só conseguem entender-se o ser amante e o ser amado.
O amor pode chegar conosco a uma esquina em que, como se tivéssemos entrado na página de um romance da década de 1950, um arco-íris se abrirá esplendidamente sobre o par romântico, para mostrar que, se alguma vez duvidaram do que sentiam, será hora de se beijarem sob esse cenário que o autor do livro descreve como mágico e feérico.
O amor pode fazer essa caminhada conosco, numa tarde de chuva. Mas pode também ficar nos olhando de longe, enquanto, molhadíssimos, atravessamos a avenida e corremos para a frente da padaria em que ele prometeu nos encontrar.
Estamos no horário marcado. Do lado oposto da rua, num lugar onde não podemos vê-lo, ele nos observa, satisfeito. Embora a  pontualidade não seja seu forte, ele sempre instigou a nossa.
Não é a primeira vez que nos encontramos com ele aqui. Hoje seu atraso, normalmente de dez a quinze minutos, já vai para meia hora. Mesmo sabendo que ele não gosta disso, ligamos para o seu celular. Ele não atende.
Pensar que ele pode ter sofrido um acidente nos arrepia. Não, nada pode ter acontecido a ele. Nada de ruim acontece ao amor, nunca. Ele está aprontando uma pegadinha, só pode. Seu espírito é brincalhão como o de um moleque.
Ligamos de novo. Nada. O atraso já passa de uma hora e dez minutos. Houve um mal-entendido, um grande mal-entendido, com certeza, e a culpa é nossa. Resta-nos ir para casa e aguardar notícias. Mas resolvemos esperar mais cinco minutos, depois mais cinco e mais cinco.
Quando começamos a ir embora, o amor só lamenta uma coisa: não poder distinguir, de onde está, se o que desliza pelo nosso rosto são lágrimas ou chuva.
Nós vamos nos afastando. É quase indecente ter uma ideia assim, numa hora de tanta aflição, mas agora só queremos chegar em casa e tomar um banho bem gostoso. Pegamos o metrô. A qualquer instante o amor ligará, é claro.
Depois do banho, ligamos. Nada, outra vez. A suspeita começa a crescer em nós. Será que…? Não, o amor não pode ser cruel. Por que ele faria isso conosco? Nós lhe demos por acaso algum motivo?
O amor pensa exatamente nisso. Sente pena de nós. Sempre fomos tão dóceis com ele, tão dóceis. Talvez esteja aí o problema. Ele não gosta de presas fáceis.
O amor pode tudo. Pode telefonar, pode não telefonar. O amor não telefonará.
Fonte: http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/escreviver/o-que-o-amor-pode/

August 27, 2016

Ao redor do trono

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- Ricardo Barbosa

Num mundo com tantas informações, facilmente perdemos o foco, nos distraímos com as inúmeras demandas que se apresentam diante de nós todos os dias. Para não viver distraídos, precisamos de um centro, um eixo em torno do qual nos movemos. Numa linguagem bíblica, precisamos de um trono.

A vida em volta do trono é a vida centrada em Deus.

É a vida daqueles que em obediência, sacrifício, adoração, vivem respondendo ao amor fiel de Deus, confiando nele e em sua providência. John Newman expressou assim sua vida centrada em Deus: “…Portanto eu confiarei nele…. Se cair enfermo, minha enfermidade o servirá; se me vir perplexo, minha perplexidade também o servirá; se sobrevir uma grande tristeza, minha tristeza lhe será útil. Ele nunca faz nada em vão. Ele sabe o que faz. Ele pode me tomar meus amigos, pode me jogar no meio de estranhos. Pode me fazer sentir a desolação, levar meu espírito ao naufrágio, esconder meu futuro de mim. Ainda assim, ele sabe o que faz”.
A vida fora do trono nos coloca à mercê das propagandas, da sedução e de toda sorte de apelos. Sem um centro somos vulneráveis a todo tipo de manipulação, nos entregamos a toda forma de desejo, nos curvamos aos falsos poderes que nos levarão para o cativeiro. Sem um trono para adorar viveremos num vasto mundo adoecido sem uma direção segura, um propósito sustentável.
O povo de Deus no Velho Testamento, de vez em quando, deixava de lado o centro, afastava-se do trono e entregava-se a outros deuses. O profeta Jeremias chama o povo de volta e alguns respondem: “Sim! Nós viremos a ti, pois tu és o Senhor, o nosso Deus. De fato, a agitação idólatra nas colinas e o murmúrio nos montes é um engano. No Senhor, no nosso Deus, está a salvação de Israel” (Jr. 3:22 e 23). Os montes eram uma grande ilusão como são todas as tentativas de se alcançar algum sentido na vida fora do centro.
A vida tem um centro e este centro é um trono onde Deus encontra-se assentado reinando, dirigindo, julgando e determinando todas as coisas com justiça, bondade e retidão.

Precisamos viver em obediência ao seu chamado, crendo que sua vontade é boa, perfeita e agradável, mesmo quando tudo parece conspirar contra a bondade e o amor de Deus. Precisamos seguir orando, adorando e servindo, mesmo quando estes gestos não são compreendidos.

Precisamos preservar nossos olhos voltados para o trono para lembrar que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm. 8: 28), de que “nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem demônios, nem o presente, nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm. 8:38 e 39).

É assim que precisamos viver.
Fonte: http://www.ippdf.com.br/textos-e-artigos/ao-redor-do-trono-por-reverendo-ricardo-barbosa/

August 26, 2016

Fala comigo!

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- Rubem Amorese

Recentemente, um irmão sentou-se ao meu lado, no culto. Ao reparar que eu fazia apontamentos do sermão que ouvíamos, perguntou-me, baixinho, em tom de gracejo: “E você ainda tem o que anotar?”. Com certeza, ele se referia ao meu “tempo de estrada”, a contrastar com a idade do pregador. Não era hora de conversa, portanto a observação ficou entendida como uma simpática saudação. Ficou assim. Mas, em minha mente, guardei para depois.

Já em casa, lembrei-me de outro episódio, mais antigo. Acho que um puxou o outro.  Foi assim: um irmão de igual modo “sênior”” na igreja revelava que não gostava de ouvir jovens pregadores porque eles eram muito incipientes e pouco ou nada tinham a lhe acrescentar. Essa era a razão por que, ao saber quem seria o pregador da noite, algumas vezes se retirava. Agia assim também em relação a pregadores mais tarimbados, mas de cuja doutrina discordava, ou àqueles por quem nutria “antipatia teológica”. Levantava-se e saía porque não gostava do modo de pregar daquele irmão. Uma conversa incômoda, recordo bem.

Sugeri ao irmão que, talvez, um ambiente estimulante fosse a escola dominical, por causa das oportunidades de diálogo ou de participação. Salas de aula costumam ser mais acolhedoras. Se você quer ficar quieto, pode; mas se prefere participar, sempre há espaço. Eu tentava aliviar o clima da conversa. Para minha surpresa, ele retrucou que, embora nunca tivesse recebido diploma, naquela escola ele já era formado. Tinha, inclusive, o curso completo de teologia em um bom seminário da cidade, com foco em Novo Testamento. E desse ele tinha diploma.

E a conversa foi por aí: grego koinê, hebraico, hermenêutica, traduções da Bíblia etc. Na verdade, não foi exatamente uma conversa, pois o irmão, de forma coerente, ouvia pouco.

Bem, a vida prosseguiu. Mas aquela conversa me alarmou, ao contemplar um irmão impermeável ao ensino. Como se, em sua alma, a Palavra de Deus tivesse produzido anticorpos.

Era a lição que, com o passar do tempo, consolidaria-se em minha mente. Seria eu diferente dele? Para ser verdadeiro, eu não tinha dificuldade em enumerar as vezes em que desanimei com pregações e pregadores, jovens e experientes, antes mesmo de começarem. Por quê? Hoje, penso que Deus esteve me falando, no silêncio. Não me deixou esquecer ou menosprezar o episódio do irmão preparado. Nem me permitiu olhar somente para ele; fez-me olhar para mim mesmo.

E o discernimento veio com o tempo. Compreendi que esses momentos ocorrem quando chego à casa do Senhor como quem chega para um show, uma palestra, uma aula; enfim, para algum entretenimento. Quero dizer que há dias em que me esqueço de fazer a oração mais básica de todas: “Fala comigo, Senhor”. E se essa oração é feita pelo oficiante logo no início do culto, eu não a endosso, não me aproprio dela. Assim, não predisponho meu coração a ouvir a voz de Deus. Talvez nem tenha ido à igreja para isso.

Entretanto, ao perceber, essa frivolidade do meu coração, decidi impor-me a disciplina dessa singela oração. Fosse apenas dizendo amém ao celebrante, fosse proferindo-a eu mesmo. O importante é a disposição do coração. E as coisas mudaram. Quando você se abre ao milagre da “palavra”, acaba ouvindo coisas inefáveis, sejam elas exortações, sejam palavras de ensino, consolo ou ânimo. Ao orar “fala comigo”, já não importa tanto quem vai subir ao púlpito, pois sabemos e cremos que Deus fala.

É claro que isso não justifica pregadores preguiçosos, mal preparados, desleixados, biblicamente equivocados e coisas assim. Mas isso é assunto a ser resolvido entre o pregador e Deus.

Quando o irmão que se assentou ao meu lado perguntou-me baixinho, em tom de gracejo: “E você ainda tem o que anotar?”, ele não podia imaginar o quanto eu estava feliz e excitado com a perspectiva de poder ouvir, mais uma vez, a Palavra de Deus sendo proferida ao meu coração.

Sim, eu já havia orado: “Fala comigo, Senhor!”, e agora estava de bloco de notas na mão.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/amorese/2016/06/09/fala-comigo/

August 25, 2016

Armadura: Oração

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“Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos,” (Efésios 6:18)
- pr. Mário Fernandez
Curiosamente, ou nem tanto, o único item dessa armadura descrita pelo apóstolo Paulo que menciona algo como “todo tempo” é a oração. Se isso faz parte da armadura, devemos então deduzir ou entender que seja um item que não pode ser retirado, não pode ser descartado, não pode ser removido – não é opcional. Ainda tem um reforço na segunda parte falando em “toda” perseverança.
A oração é mais do que um acessório da armadura, pois qualquer elemento que possa ser descartado tem de ser colocado em segundo plano diante dela. A oração é como algo que passa a fazer parte do soldado, torna-se integrante deste. É impressionante o que acontece quando uma pessoa ora com sinceridade diante de Deus.
Eu tenho dito há muitos anos que a Bíblia fala pouco sobre a oração em si, mas fala muito sobre o que acontece quando alguém ora. Há bons e profundos ensinos sobre a oração, sem dúvida. Mas nada mais didático e explicativo do que ler uma história dizendo “fulano orou e”. Todos os grandes homens e mulheres de Deus, em todo período narrado nas Escrituras, tinham na oração sua arma mais poderosa e seu recurso mais produtivo. Mesmo Jesus de Nazaré, na qualidade de filho de Deus encarnado, teve práticas de oração exemplares. Ele, que não precisaria.
Aprender a orar pode dar trabalho e pode levar tempo, de fato, mas é o que vai fazer toda diferença. É orando que recebemos de Deus discernimento, que aprendemos a ouvir a Sua voz e mais do que tudo, é como nos fortalecemos. Nesta descrição de uma armadura, Paulo dá foco e importância à oração que nos ensina, por si só, o quanto devemos levar esse tema a sério.
Orando em todo tempo é fácil de entender. Basta não parar de orar. Poucos conseguem ser mais ocupados que eu, creiam. Mas se é assim, não dá para ver televisão nem filme ruim no youtube, nem ficar de conversa jogada fora. Dá para orar dirigindo, viajando no ônibus, tomando banho, comendo… não estando dormindo… Em todo tempo. É fácil de entender.
Só pode ser do inferno o descrédito que temos na oração em nosso tempo. Funciona, é de graça, mesmo mal feito dá resultado, não exige formação, não distingue pessoas, não tem limite. E falando sério – é bom demais… 
Temos de lembrar continuamente que Deus não precisa de nós, mas nós dependemos Dele. Ao orarmos nos aproximamos, ouvimos e sentimos Ele falar conosco, entendemos as coisas, crescemos e nos fortalecemos. E é bom demais… Eu tenho práticas de oração que não servem de regra, como acordar de madrugada, dirigir 14h quase sem parar, me trancar sozinho por um ou dois dias. Não precisa ir a tanto, basta fazer algo – desde que seja sem cessar.
Deus espera isso de nós, mas não precisa disso para nada. É um ato de amor de Sua parte, pois Ele sabe que isso é o melhor para nós.
Em tempo, me deem licença que vou parar de escrever para orar mais um pouco.
“Senhor, eu quero e preciso estar mais perto de Ti, sentir Tua Presença. Me ajuda a aumentar minha intensidade de oração até eu conseguir de fato orar em todo tempo, sem cessar.“
Fonte: http://www.ichtus.com.br/dev/2016/08/25/armadura-orando-vivendo-o-evangelho

August 24, 2016

A tentação de Jesus e um olhar sobre a natureza do conflito humano

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- Ricardo Barbosa

Por mais que a cultura pós-moderna tente apagar o conceito do pecado, as realidades pessoal, familiar, social, política e econômica vão mostrando que ele existe e que os conflitos e as tentações fazem parte da realidade humana. A tentação de Jesus é uma das passagens que mais lançam luz sobre a realidade dos conflitos humanos. A experiência solitária de Jesus, no deserto da Judéia, traduz as tentações e lutas que todos nós enfrentamos. É importante lembrar que o Jesus que foi levado pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo é um de nós, um ser humano igual a qualquer um de nós. Mateus começa seu evangelho afirmando que Jesus é filho de Davi e filho de Abraão, nascido de Maria, que viveu entre nós e, segundo o autor do livro de Hebreus, “foi tentado à nossa semelhança”. Mas não é só isto. Ele é o verdadeiro homem.
O primogênito de toda a criação. O segundo Adão. O primeiro da nova criação de Deus. É aquele que veio para trazer um novo começo, inaugurar a nova criação, a nova humanidade. Ele é também o Deus encarnado. O Deus que se fez homem. Emanuel. O Deus presente em nossa humanidade. Aquele que foi tentado no deserto é o cabeça da nova humanidade. A experiência de Jesus neste evento nos ajuda a entender o significado de ser verdadeiramente humano. Por causa disto, o futuro da humanidade estava neste evento. Uma falha ali, uma decisão errada, implicaria no fracasso de toda a humanidade, um fracasso cósmico. No monte da tentação Jesus afirma o significado de ser humano. E é por isto que o autor de Hebreus declara que, embora tendo sido tentado à nossa semelhança, não pecou. Quando olhamos para este evento, somos levados a reconhecer que temos um inimigo. Por trás de todo engano e toda mentira está o Enganador. Por trás das divisões, de todo ódio está o Diabolos (o caluniador). Por trás das culpas e mágoas está o Acusador. Por trás do adultério, prostituição e todo tipo de promiscuidade que nega o propósito do Criador ao criar homem e mulher para viverem numa relação de aliança diante de Deus está o Grande Sedutor. Por trás da violência, dos abusos, está o Destruidor.
Por trás da corrupção está o Pai da Mentira. É importante saber que temos um inimigo. Paulo afirma que nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra principados e potestades. Não vivemos num mundo neutro. A realidade é mais confusa do que imaginamos. Vivemos num mundo onde as diferentes realidades tornam nossa compreensão fragmentada. Toda a vida de Jesus foi um exercício constante para discernir a voz do Pai e a voz do inimigo. Não há como entender a vida de Jesus sem levar em conta esta realidade. Não há como entender a nossa vida fora desta realidade. Ser humano é saber distinguir estas vozes e aprender a reconhecer a voz do Pai. No Jordão Jesus ouve a voz do Pai dizendo: “Este é o meu filho amado em quem tenho o meu prazer”. No deserto ele ouve a voz do inimigo dizendo: “Você é mesmo o filho de Deus? Porque não prova isto transformando pedras em pães?” Jesus sabe que a vontade do Pai é que ele caminhe para a cruz, mas aparece seu grande amigo Pedro e diz: “Não vou permitir que você sofra, se preciso for eu te protejo”. Jesus precisa dizer: “afasta de mim Satanás”. A Palavra de Deus diz: “Conserve seu corpo em santidade e honra, longe de toda lascívia”, vem outra voz e diz: “mas vocês não se amam? Não é isto que desejam?” Por aí vai. Não há como entender a vida sem reconhecer que todos nós temos um grande e terrível inimigo.
A tentação ou o tentador nunca aparece de forma sombria ou tenebrosa. Tudo o que vemos nesta cena é um homem solitário no deserto. É uma luta que acontece dentro de nós, não fora. O inimigo é interno, não externo. O campo de batalha é a nossa mente. Sabemos que nossas emoções e sentimentos seguem os nossos pensamentos ou nossas convicções. Não são os fatos externos que determinam nossos sentimentos, mas o juízo que fazemos deles. É por isto que a Bíblia dá tanta ênfase à mente. “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” Rm. 12:2. “Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo” 1Co.2:16. “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” 2Co. 10:4 e 5. “Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor: na sua mente imprimirei as minhas leis, também sobre o seu coração as inscreverei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” Hb.8:10. A palavra usada para traduzir “tentação” é a mesma para “testar”, “provar”. O Espírito Santo nos conduz aos testes para fortalecer a fé e o caráter, o inimigo aproveita o teste para transformá-lo numa tentação e enfraquecer a fé e o caráter. Toda vez que experimentamos o amor de Deus.
Toda vez que assumimos um novo compromisso. Toda vez que tomamos uma nova decisão. Toda vez que nos encontramos alegres, seguros do amor de Deus, dispostos a servi-lo, certos de que somos seus filhos e filhas amados, então nossa fé é testada e precisamos orar: Senhor, na medida em que teu Espírito me conduz ao deserto para ser testado por ti, não permita que o inimigo transforme estes testes em tentação e me leve a duvidar do teu amor, a me afastar do teu reino, mas livra-me do inimigo. O recurso que Deus nos deu para enfrentar o inimigo é a sua palavra, a espada da Verdade. Por três vezes Jesus afirmou: “Está escrito…”. Nossos primeiros pais falharam porque não ouviram a Deus e decidiram viver por conta própria. O Segundo Adão, o verdadeiro homem, venceu porque se submeteu à Palavra de Deus. Cada vez que passamos pelos testes, vamos afirmando nossa verdadeira humanidade à semelhança da humanidade real de Jesus.
Fonte: http://www.ippdf.com.br/comunidade/boletim-da-semana/a-tentacao-de-jesus-um-olhar-sobre-a-natureza-do-conflito-humano/

August 23, 2016

Meu reino não é deste mundo

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- Ricardo Barbosa

Uma das afirmações de Jesus para Pilatos durante seu julgamento, foi que o seu reino não era deste mundo. Confesso que, embora entenda o que Jesus disse, encontro grande dificuldade de compreender o que significa viver a partir desta afirmação. Significaria, por exemplo, ignorar as realidades deste mundo, seus conflitos e tensões, e desenvolver uma capacidade de se abstrair de tudo isso e viver numa atmosfera espiritual? Poderia significar viver de tal forma que os problemas deste mundo não nos atingissem? O que afinal, significa, viver como se o meu mundo não fosse este?

Gostaria de arriscar um palpite. As estruturas políticas, econômicas e sociais estão sempre sujeitas à corrupção e decadência. A forma como a sociedade responde a tudo isso é, de certo modo, se envolver em esperanças frágeis e susceptíveis à falência. Esperamos, confiantemente, que alguma nova política ou um novo jeito de conduzir a economia devolva a segurança e tranquilidade. Imaginamos que o surgimento de uma nova droga, um acordo de cessar fogo, uma nova fonte de energia limpa nos trará novos tempos de paz e prosperidade. Por outro lado, vivemos atormentados pelo risco de uma catástrofe nuclear, da superpopulação que acabará com os recursos naturais, a taxa de natalidade em declínio que coloca em risco o futuro da humanidade, o lixo tóxico que compromete a qualidade de vida.
Diante da declaração de Jesus a Pilatos, estas esperanças e temores estão fora de questão. Jesus sabia que os reinos deste mundo são frágeis e passageiros. Poderes se levantam e são abatidos. Momentos de tranquilidade e prosperidade são seguidos de tempos de tribulação e dificuldades. Jesus sabia disto. É por isso que Paulo exorta os cristãos do primeiro século a reconhecerem que não temos uma cidade permanente aqui, somos cidadãos de uma cidade divina que homem algum construiu e que homem algum jamais destruirá.
Malcolm Muggeridge (1903 – 1990), jornalista britânico e âncora da BBC, numa palestra em 1978, afirmou que as pessoas não podem ter sua esperança nas instituições terrenas. Ele disse: “É precisamente quando todas as esperanças terrenas foram exploradas e achadas insatisfatórias, quando todas as possibilidades de ajuda das fontes terrenas foram buscadas e provadas insuficientes, quando todos os recursos que este mundo oferece, tanto moral quanto material, foram explorados sem efeito, quando, no frio insuportável, o último feixe de gravetos foi jogado ao fogo e, na extrema escuridão, cada raio de luz foi finalmente afugentado, é então que a mão de Cristo se estende segura e firme.”
Precisamos entender que o reino de Jesus não é deste mundo. Vivemos neste mundo, trabalhamos nele, dele tiramos o sustento de cada dia e nele estabelecemos nossas famílias e servimos uns aos outros, mas não pertencemos a ele, pertencemos a Cristo e ao seu reino, um reino que não se abala com as crises e tensões deste mundo.
Fonte: http://www.ippdf.com.br/comunidade/boletim-da-semana/meu-reino-nao-e-deste-mundo/

August 22, 2016

O orvalho da manhã

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O desafio da transmissão da fé

- Ricardo Barbosa

Além do testemunho de vida e da prática de devoção pessoal como forma de inspirar as futuras gerações, precisamos também de uma visão do lugar e papel das crianças e da juventude na Igreja.

Davi, no Salmo 110: 3, descreve a juventude com a seguinte expressão: “Como o orvalho emergindo da aurora, serão os teus jovens.” Os jovens são como o orvalho que anuncia o frescor da manhã, e a esperança de um novo dia. A história da redenção tem como protagonistas inúmeras crianças e jovens. É geralmente no frescor da manhã que Deus chama aqueles que irão servi-lo ao longo do dia. Foi assim com José, Samuel, Davi, Daniel e Timóteo.
Samuel foi um jovem que servia ao Senhor num tempo em que a Palavra de Deus era muito rara e as visões não eram frequentes. Foi neste tempo que Deus chama este jovem e diz: “eis que vou fazer uma coisa em Israel, a qual todo o que a ouvir lhe tinirão ambos os ouvidos” (1 Sm. 3:11). Daniel foi outro jovem, cujo testemunho de fidelidade a Deus num tempo conturbado, preservou a esperança e a fé de um povo em Deus.
Foi o jovem Timóteo que Paulo escolheu enviar a Éfeso para cuidar de uma igreja que começou muito bem, mas que passados alguns anos, enfrentava problemas graves. No sermão que Pedro proferiu em Pentecostes, ele recorda o profeta Joel que, entre outras coisas, afirmou que uma das evidências da presença do Espírito Santo na vida da igreja seria uma nova visão que os jovens teriam.
Se para muitos jovens o futuro permanece como uma realidade sombria e sem esperança, para aqueles que receberam o Espírito Santo, o futuro surge como uma rica oportunidade. A realidade para o povo de Deus no tempo de Samuel, Davi, Daniel ou Timóteo era confusa e sem esperança. Porém a forma como olharam para o futuro devolveu a esperança para ao povo porque tiveram visões daquilo que Deus estava fazendo.
O apóstolo Pedro, em sua segunda carta, traz um conselho sábio aos jovens: “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte….” (1 Pd. 5:6). 

Humildade no presente e exaltação no futuro. No presente, a ansiedade que deve ser lançada sobre Deus. No futuro, a certeza do seu cuidado. No presente, o diabo, adversário feroz, buscando devorar e destruir. No futuro, o testemunho da resistência e da fé.

O que sustenta a juventude no presente é a visão do futuro. 

O orvalho da manhã passa muito rápido. 

A visão do longo dia é a dádiva de Deus para os jovens e as futuras gerações.
Fonte: http://www.ippdf.com.br/comunidade/boletim-da-semana/o-orvalho-da-manha/

August 21, 2016

Proximidade e distanciamento

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Amor não é só proximidade. É também distanciamento.

É sentir o vazio, o buraco que ficou, a lembrança quando não há mais ninguém por perto.

A literatura deve muito ao distanciamento.

Não fosse, como explicar tantos livros sobre memórias da infância? Ora, só valorizamos o que fomos porque infelizmente não somos mais aquele menino. Só descrevemos os lugares por onde passamos e vivemos porque não moramos mais lá.

Quem nunca saiu de casa não a vê com tanto amor.

Com isso, aqui estou pensando: do que ainda preciso sentir falta?

Se não sinto saudades de nada, será que, de fato, vivi algo de forma profunda?

Embrutecimento

Uma das maiores tragédias existenciais é nos embrutecermos, é perder a sensibilidade para o verdadeiro, belo e santo. Podemos ficar ricos, ter poder ou conseguir planejar a vida de forma muito certinha. No entanto, se perdermos a chama que nos movia antes, que tipo de ser humano nos tornamos?

Só dá para ouvir a voz de Deus se pararmos de endurecer o coração (Hb 3. 7,8).

A redenção de Deus tem a ver com ele nos dar um coração novo e um espírito novo“Tirarei de vocês o coração de pedra e lhes darei um coração de carne” (Ez 36.26).

A natureza da Nova Aliança é ser superior à Lei, fria e morta. Na Nova Aliança o Espírito Santo “põe as leis de Deus em nosso coração e as escreve em nossa mente” (Hb 10.16).

Não estamos falando de um Deus impassível, insensível. Estamos falando de Jesus Cristo, o Supremo Sumo Sacerdote que sabe o que é sofrer, que nos amou até o fim e que derramou seu sangue em nosso favor para o perdão de nossos pecados (Mt 26.28).

Nossa resposta deve ser: “aproximemo-nos de Deus com um coração sincero e com plena convicção de fé…” (Hb 10.22).

Seja na saudade humana, seja na saudade de Deus, amar é mais do que ter em mãos o objeto/sujeito deste amor.

É aprender a ficar longe, a chorar pelo que perdemos, a resgatar a pérola.

Talvez muitos, como eu, vivam neste momento uma certa tristeza pelo que não somos mais ou pelo que não somos ainda, como se a vida tivesse perdido a beleza.

Isso não deve gerar em nós indiferença.

Não deve nos fazer desistir.

Vale lembrar que a vida é tanto a proximidade quanto o distanciamento.

E que não há esperança sem a incompletude.

A precariedade é o terreno fértil para o novo.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/fatosecorrelatos/2016/06/20/proximidade-e-distanciamento/
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PS- Para ouvir a trilha do dia: https://www.youtube.com/watch?v=3Sv_876eqxg
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August 20, 2016

Qual é a sua história?

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- Ricardo Barbosa

Todo o cristão tem uma história de libertação para contar. É claro que não me refiro a uma experiência de libertação pontual, algo como ser liberto de um acidente ou de uma decisão de consequências trágicas. Refiro-me a uma história ou histórias de libertação de algum tipo de cativeiro.
São histórias de libertação de culpas e medos. Libertação das cadeias da aparência, das manipulações emocionais, da inquietação das ansiedades, das prisões do egoísmo e do pecado que nos separam de Deus e dos outros. São histórias de libertação do poder e da dominação do dinheiro, da luxúria, vaidade e do engano. Libertação do confinamento da apatia e da indiferença. Cristo veio para nos libertar. Crer Nele e no poder de sua ressurreição é renascer para uma nova realidade. O processo destas mudanças é sempre uma boa história de libertação.
O problema é que preferimos algum tipo de encantamento espiritual, de fórmulas religiosas ou psicológicas que nos livre das culpas do passado ou das ansiedades do futuro. Preferimos algum ritual que amarre os demônios ou que declare a prosperidade. No entanto, a liberdade cristã não acontece assim. É sempre uma história que acontece em meio às lutas e complexidades da vida.
Qual é a sua história de libertação? De que forma Cristo te libertou? Como era a sua vida e no que ela se tornou desde que você conheceu a Cristo? Uma prática importante na experiência cristã é o hábito de contar histórias. A Bíblia é um livro de histórias de como Deus tem libertado seu povo dos diferentes exílios. Conte a sua história. Compartilhe sua experiência de libertação. Faça isso na sua casa, nos grupos pequenos, nas conversas no seu trabalho. Sua história pode ser usada por Deus para que outros sejam também libertos.
Fonte: http://www.ippdf.com.br/comunidade/boletim-da-semana/qual-a-sua-historia/

August 19, 2016

Humildade

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"Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.” (1 Tm 1:15)

- pr. Mário Fernandez

Ter noção de sua própria condição é humildade.

Saber que não é melhor do que os outros, ainda que possa fazer algumas coisas que os outros não podem, é humildade. Não pensar de si mesmo acima do que precisa é humildade. Não ter soberba ou orgulho pretensioso é humildade.

O apóstolo Paulo nos escreve esse trecho dizendo ser dos pecadores o principal. O que ele fez de tão grave? Adão não foi pior do que ele, por ter sido o primeiro? Judas não foi pior traindo Jesus por umas moedas? Será que ele pensava isso por perseguir os filhos de Deus, ou porque tinha noção mais clara da Santidade do Pai, ou porque não conseguia sentir que compensava a perseguição, ou será que tinha algum pecado oculto? Não sei, realmente. Mas isso denota que ele se achava de fato pior do que realmente era, basta ler seus escritos e medir o nível de revelação que Deus lhe concedeu. Ainda que sendo alguém de grande valor, de grande intimidade com Deus, de grande desempenho, isso nitidamente não lhe subia à cabeça.

A nós, em pleno século XXI, resta seguir o exemplo ainda que cenário e condições gerais sejam diferentes. Não precisamos dizer ou fazer parecer que sejamos os piores mortais da Terra, mas bastará não se achar os melhores. Ouvi de um pregador, alguns anos atrás, que o povo da igreja parecia mais ter o rei na barriga do que o Rei no coração. Não gosto de generalizar, mas a muitos isso soa verdadeiro. A humildade faz parte de um evangelho que é estilo de vida, que é mais do que regras, que nos leva além e adiante. A verdade é que independentemente de outros aspectos teológicos, práticos, psicológicos, sociológicos, emocionais, eclesiásticos – independente de tudo – sem a graça de Deus não somos nada, nada, nada. Ou menos.

Viver atualmente uma vida de humildade é relativamente fácil. Não precisa passar fome ou dormir na chuva. Viver com humildade hoje é cumprir seu papel, exercer seus direitos, desempenhar suas funções. Excelência, capricho, resultados mais do que desculpas (quem dá um não dá o outro). Menos barulho e mais resultado, menos foco em mim e mais foco nEle. Testemunhos objetivos do que Deus fez por mim e não do que EU me tornei. Palavras amigáveis e tolerantes ao invés de “dedadas” nos narizes. Ter mais misericórdia do que ter razão. Ser liderado com objetividade e buscar sucesso. Liderar pelo exemplo e desempenho não por imposição. Coisas relativamente simples, principalmente considerando que o padrão do mundo não é esse, portanto pouca coisa já destaca.

Viver um evangelho autêntico, genuíno, vivido e não fingido, é um estilo de vida em que a humildade será uma marca e não um objeto de orgulho. Podemos começar agora mesmo. É um desafio.

“Senhor, se sou algo ou se tenho alguma coisa é por Tua causa. Me ensina a viver sabendo meu lugar e meu papel, para viver em humildade e te glorificar com isso.“

Fonte: http://www.ichtus.com.br/dev/2016/08/01/humildade-vivendo-o-evangelho

August 18, 2016

Na velhice seremos o que já éramos quando jovens (sem as máscaras)

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Só é possível viver com leveza quando sabemos que logo a vida vai acabar   

- Contardo Calligaris

Fui ver “A Viagem do meu Pai”, de Philippe Le Guay, que me pareceu muito melhor do que diz a crítica. Espero que o filme continue em cartaz: é uma visão tocante (e não desesperadora) da idade avançada –na experiência do idoso e dos que convivem (ou conviverão, mais cedo ou mais tarde) com ele.

Claro, o filme só conta “uma” história. Em matéria de velhice, é bom lembrar o título do ótimo livro de Jack Messy, que imitava o bordão de Lacan sobre a mulher: “A Pessoa Idosa Não Existe” (ed. Aleph). Messy lembrava, assim, que cada um envelhece do seu jeito.

Uma frase de Julian Ajuriaguerra (grande neuropsiquiatra e psicanalista) circulava como um provérbio, no hospital Sainte-Anne: “On vieillit comme on a vécu” (a gente envelhece como viveu) – ao envelhecermos, seremos nós mesmos, só que velhos.

Lembro-me de uma conversa, nos anos 1980, com Jean Bergès (sucessor de Ajuriaguerra no hospital Sainte-Anne). Eu descrevia um caso de alexitimia num paciente idoso (alexitimia é uma extrema dificuldade em verbalizar, descrever e até viver sentimentos e emoções). Eu entendia a dita alexitimia como um sintoma da idade do paciente. Bergès observou que existia uma boa chance de que meu paciente não fosse muito diferente quando era jovem.

A velhice não é um tipo de personalidade e, se for um transtorno, seria reativo: o jeito de cada um reagir à perda da identidade profissional (que pesa desde a aposentadoria), à sensação de uma maior proximidade da morte, ao luto do casal e dos amigos, que vão morrendo, à perda da saúde (nem tanto pela chegada de uma grande doença quanto pela síndrome do carro velho, que começa a dar uma encrenca atrás da outra), à perda da autonomia (com necessidade de ter assistência ou de viver num quadro comunitário) etc. A lista é longa.

A reação a essas perdas, muito mais do que a idade, define o que é a velhice avançada. Há o idoso que se deprime, há aquele que se angustia, e quase todos começam a delirar. O idoso tem boas razões para ser paranoico.

Começa com a constatação de que, em tese, ele vai morrer antes dos outros: o que significa que os mais jovens o empurram para a saída. Passa pela sensação de que ele está sendo roubado por aqueles que ficarão com suas coisas (a casa e o relógio, por exemplo). E acaba na necessidade de se mostrar sempre desconfiado: não me deixo enganar significa, no caso, “ainda não estou morto”.

As mesmas razões que alimentam a paranoia do idoso produzem sua falta de interesse na vida dos outros. 

Frequentemente, conversar com um idoso é um exercício de humildade. O que a gente diz tem pouca importância, e o interesse do idoso é fingido –como se nada pudesse se comparar ao drama da vida dele que está acabando.

Agora, eu gosto dos idosos e de sua companhia, mas admito que esses meus “bons sentimentos” sirvam sobretudo a esperança de ser eu mesmo amado (e amável) quando serei idoso. Concordo, não vai ser fácil.

O idoso somos nós amanhã. 

Mas no sentido oposto ao que acontece com as crianças; sonhamos que as crianças venham a ser tudo o que queríamos ser e não fomos, enquanto o idoso é o fruto de uma espécie de idealização negativa: ele é o que não gostaríamos de vir a ser, é o retrato de um declínio que preferiríamos evitar.

Será que a grande idade, então, não traz nada de bom? O que há de interessante na experiência do idoso? 

Além do luto antecipado de si mesmo, além da sensação de superfluidade em fim de linha, além de um certo nojo de si e de um corpo que falha, além da desconfiança (vocês não me matarão e descartarão enquanto durmo)”. 

Não há nada que preste?

Em outras palavras, será que existe um jeito “legal” de ser idoso? Será que as perdas podem trazer algo diferente do ressentimento e do luto? Será que pode valer a pena viver até lá?

Gostei da última cena do filme de Le Guay. Justamente porque acho que deve ser possível envelhecer até ser idoso “pegando leve”. Explico.

Há um clichê que pergunta sempre como podemos viver sabendo que logo iremos morrer.


A velhice avançada poderia ser o momento em que a gente descobre que talvez esse clichê possa e deva ser subvertido, com a sabedoria que a grande velhice traz: saber que vamos morrer não impede de viver –ao contrário, só é possível viver com leveza quando sabemos que logo a vida vai acabar. 

Essa é a sabedoria do idoso.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/contardocalligaris/2016/08/1804135-so-e-possivel-viver-com-leveza-quando-sabemos-que-logo-a-vida-vai-acabar.shtml

August 17, 2016

A lição do turista (ou como não se arrepender de não ter tido tempo para o que importa)

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Quanto mais importante um relacionamento, mais nós achamos que ele é para sempre. E por isso deixamos de aproveitá-lo como poderíamos


- Daniel Martins de Barros

Acho que o arrependimento mais comum que as pessoas apresentam, seja perto da morte,  seja num momento de balanço da vida, tem a ver com a forma como investiram o tempo nos relacionamentos. A frase “Gostaria de ter uma segunda chance para…” é quase sempre completada por coisas como “dar mais tempo aos filhos antes que eles crescessem”, “gastar mais tempo com a esposa antes que o casamento acabasse” e assim por diante. Por que será?
Tenho uma teoria. Comecemos por uma analogia: já reparou que ninguém é turista na sua própria cidade? Geralmente no lugar em que moramos nós não separamos tempo para visitar pontos históricos, não fotografamos as estátuas públicas, mal conhecemos os teatros municipais. Quando viajamos, no entanto, dá-se exatamente o contrário – queremos visitar dezenas de lugares em poucos dias, tiramos fotografia até das sombras, sacrificamos horas de descanso para ir ao maior número de lugares possível.
No papel de turistas temos a sensação que é a única chance de ver aquilo, e por isso saímos afobadamente tentando conhecer tudo – nos arriscando a não conhecer realmente nada. E quando somos moradores desdenhamos das preciosidades que nos cercam, porque cremos que elas sempre estarão por ali quando quisermos vê-las – e muitas vezes não as conhecemos nunca.
O paralelo com nossos relacionamentos, se não é perfeito, pode ser esclarecedor.
Os começos de relacionamento tendem a ser intensos: seja numa grande amizade, num namoro, nos pais de primeiro filho, a busca pela presença do outro é contínua, quer-se fazer tudo junto, as conversas são longas, os encontros nunca longos o bastante. São situações em que o risco é de um sufocar o outro, privá-lo de seu espaço privado necessário. Não é muito agradável, mas não é a causa dos grandes arrependimentos da vida.
O problema maior está na outra ponta, nos vínculos que estabelecemos com pessoas que, de tão presentes e constantes, simplesmente contamos que estarão ali no dia seguinte. Pais, filhos, esposa, avós, amigos íntimos – quanto mais próximo o relacionamento, mais ele corre o risco de ser classificado como permanente. É aí que, como fazemos no dilema morador x turista, investimos mais energia em coisas passageiras do que nas pessoas próximas, porque afinal estas sempre estarão disponíveis, qualquer dia a gente senta com calma. Até que a separação – fim inevitável de todo relacionamento bem sucedido – acaba com a possibilidade do amanhã. E surge o arrependimento.
Mas não se trata de uma conclusão pessimista. A mensagem principal aqui não é a de que todo relacionamento um dia vai acabar (embora vá. Essa é a mensagem secundária). O mais importante é saber que, assim como as cidades, as pessoas que nos cercam escondem tesouros especiais para quem procurar, e o tempo gasto nessa busca rende as melhores experiências de nossas vidas.
Fonte: http://vida-estilo.estadao.com.br/blogs/daniel-martins-de-barros/a-licao-do-turista-como-nao-se-arrepender-de-nao-ter-tido-tempo-para-o-que-importa/

August 16, 2016

O incômodo de ver

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Se pudesse eu viraria o rosto. Ultimamente, temos muitas razões para virar a cara para o que está diante de nossos olhos. Se temos um mínimo de senso de justiça, certamente, estamos incomodados com o que vemos e ouvimos sobre nosso país.

Um profeta é muitas vezes retratado como alguém que anuncia uma visão da parte de Deus. Mas o profeta como mediador dessa visão frequentemente se incomodava com o que lhe era mostrado. O profeta de Israel era aquele indivíduo incomodado com as injustiças principalmente porque elas denunciavam a quebra da aliança, isto é, o distanciamento dos padrões que Deus tinha estabelecido para o povo de Israel.

Ao olhar para a nação na perspectiva da justiça de Deus, o profeta se perturba e ora: “Senhor, por que me fazes ver tanta maldade, opressão, injustiça, corrupção, e manobras sem fim pelo poder? Essa foi a oração de Habacuque, que ainda acrescenta, a lei se afrouxa, a justiça nunca se manifesta” (Hc 1.3,4).

Veja que a pergunta do profeta não é “por que tanta injustiça e violência?”, mas sim “por que me fazes ver...?”. É como se o profeta estivesse inconformado com seu papel de mediador da visão de Deus. O que ele vê o perturba profundamente.

Como o profeta, também me sinto, assim como tantos brasileiros, incomodado, inconformado e perturbado. Mas parece que a maior crise não é a política, social e econômica, e sim, a crise pessoal, a perturbação de ter de ver tudo isso. Como seria bom se não tivéssemos de ver nada que nos desalenta. Habacuque pergunta a Deus por que ele tem de ver aquela injustiça e corrupção.

No entanto, o profeta não estava vendo tudo. Deus o convida a ver entre as nações e observar (Hc 1.5). Por mais sensíveis que sejamos às injustiças, nossa visão ainda é limitada, senão tendenciosa. O profeta estava vendo a situação de seu povo na perspectiva da injustiça e da violência praticadas contra seu próprio povo. Deus o convida a olhar numa perspectiva mais ampla que envolve não só o cenário internacional como também a perspectiva da ação dele no mundo.

Uma vez que a situação que estamos enfrentando no Brasil se politizou tanto, cada um olha e enxerga o que quer de acordo com suas preferências ideológicas, partidárias, de valores, e tudo isso regado com a forte propaganda dos meios de comunicação que também tem seus interesses políticos e econômicos.

Enxergamos a injustiça, a corrupção, o abuso, o golpe, a ilegitimidade apenas no outro. Pior, achamos que eliminando o outro, extirparemos o problema e a sociedade voltará à normalidade.

O que Deus quer ainda mostrar a Habacuque é algo inacreditável: “vocês não vão acreditar quando lhes contarem” (1.5). Deus diz: “estou trazendo os babilônios para invadir a terra e dar cabo dessa situação” (1.6). Melhor imagem contemporânea que posso pensar para captar a gravidade dessa mensagem é como se Deus dissesse: “vou trazer o Estado Islâmico para resolver o problema da corrupção no Brasil!”. Deus estava anunciando que traria uma nação violenta, cruel e impostora para resolver a injustiça de Judá.

Além do anúncio histórico da invasão dos babilônios, destruição e exílio de Judá, essa mensagem também revela que o problema da corrupção e da injustiça estava afetando toda a sociedade, não apenas a corte do rei, e que para resolver isso era necessário que toda a nação fosse renovada.

Habacuque fica ainda mais incomodado e acusa Deus de ser tão puro que não nem observa a maldade (1.13). Agora Habacuque convida Deus para enxergar direito e fazer algo contra o ímpio!

Há tantas outras coisas que não vemos ou não queremos ver em nosso país e no mundo. Talvez a mídia não dê a mesma dimensão à gravidade desses problemas ou porque não são mecanismos do jogo do poder. Preferimos virar o rosto aos moradores de ruas, jovens e crianças nas drogas, aos abusos e violência contra crianças, adolescentes, mulheres, idosos, refugiados etc. Não queremos ter essa visão. Preferimos uma visão das coisas celestiais, visões angelicais de sucesso e prosperidade. Essas sim nos animam.

Por fim, o profeta se rende, se coloca em vigia “para ver o que ele me dirá” (2.1). Deus ordena Habacuque a escrever a visão que, dentre outras coisas diz: a promessa de Deus se cumprirá, arrogância não é padrão para a vida, o justo vive por sua fidelidade. Mas o que se segue está longe de ser uma visão angelical. Pelo contrário, é um retrato dos abusos na sociedade e de certas práticas são condenáveis (Hc 2.2-20).

Como gostaria de ver apenas o que me faz bem à vista. Mas não é possível a quem serve um Deus justo deixar de ver a injustiça.

Como Habacuque é tempo de nos colocarmos na torre de vigia “para ver o que ele” nos dirá e estar prontos a proclamar ousadamente o que vemos.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/conteudo/o-incomodo-de-ver

August 15, 2016

O amor

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  1. Eu poderia falar todas as línguas que são faladas na terra e até no céu,mas, se não tivesse amor, as minhas palavras seriam como o som de um gongo ou como o barulho de um sino.
  2. Poderia ter o dom de anunciar mensagens de Deus, ter todo o conhecimento, entender todos os segredos e ter tanta fé, que até poderia tiraras montanhas do seu lugar, mas, se não tivesse amor, eu não seria nada.
  3. Poderia dar tudo o que tenho e até mesmo entregar o meu corpo para ser queimado, mas, se eu não tivesse amor, isso não me adiantaria nada.
  4. Quem ama é paciente e bondoso. Quem ama não é ciumento,nem orgulhoso, nem vaidoso.
  5. Quem ama não é grosseiro nem egoísta; não fica irritado, nem guarda mágoas.
  6. Quem ama não fica alegre quando alguém faz uma coisa errada, mas se alegra quando alguém faz o que é certo.
  7. Quem ama nunca desiste, porém suporta tudo com fé, esperança e paciência.
  8. O amor é eterno. Existem mensagens espirituais, porém elas durarão pouco. Existe o dom de falarem línguas estranhas, mas acabará logo. Existe o conhecimento, mas também terminará. 
  9. Pois os nossos dons de conhecimento e as nossas mensagens espirituais são imperfeitos.
  10. Mas, quando vier o que é perfeito, então o que é imperfeito desaparecerá. 
  11. Quando eu era criança, falava como criança, sentia como criança e pensava como criança. Agora que sou adulto,parei de agir como criança.
  12. O que agora vemos é como uma imagem imperfeita num espelho embaçado, mas depois veremos face a face. Agora o meu conhecimento é imperfeito, mas depois conhecerei perfeitamente, assim como sou conhecido por Deus.
  13. Portanto, agora existem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. Porém a maior delas é o amor.
PS- Vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=LiFkipyBxQc
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August 14, 2016

Sê tu uma benção

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- Ricardo Barbosa

Quando Deus chama Abraão para deixar sua terra, seus parentes, amigos e seguir para um lugar que ele ainda não sabia ao certo onde seria, para ali estabelecer sua descendência e formar um povo para Deus, ele deixa claro a missão de Abraão: “abençoar todas as famílias da terra”, e ouve do Senhor esta recomendação: “Sê tu uma benção”.

Este é o chamado do povo de Deus. Ser uma benção para os outros e abençoar as famílias da terra constitui não só na missão, mas também num meio de libertação e cura. Existe uma grande diferença entre viver buscando ser abençoado e viver sendo uma benção para outros. A felicidade que buscamos será encontrada na medida em que tornamos os outros felizes.
Não sei onde estaria hoje se missionários presbiterianos da Missão Oeste do Brasil não tivessem deixado sua terra e sua parentela para abençoar o interior do Brasil. Um destes missionários foi o Rev. David Lee Willianson e sua esposa Virginia, que depois de vários anos servindo a Deus em Araguari (sede do trabalho missionário na década de 20), até chegar em Goiânia e depois Anápolis. Foi ele quem apresentou o evangelho a grande parte de minha família e me batizou. Poderia falar de outros como: Rev. Ethelbert Gartrell e Sandy, Paul Overholt e Jane, apenas para lembrar daqueles que vieram de lugares distantes.
A vida destes pastores/missionários foi ricamente abençoada porque viveram dominados pelo desejo de abençoar outros. Isto fez deles pessoas gratas, simples (alguns renunciaram conforto e riqueza), generosas, entregues, corajosas. Não esperavam que os outros viessem consolá-los, eles consolavam; não viviam aguardando que alguém fosse procurá-los, eles procuravam; não buscavam seus interesses, mas os interesses do reino.
Ser benção para a vida dos outros é criar os meios para que a graça de Deus nos envolva trazendo salvação, reconciliação, cura e libertação. É criar os meios para que o cansado encontre alívio, o doente, consolo, o perdido seja achado. É usar os dons e talentos que Deus nos deu para criar novas esperanças e alimentar a fé.
“Sê tu uma benção” é também o chamado de Deus para nós. Não busque uma igreja abençoada, seja você mesmo uma benção para ela. Não espere que seus irmãos te procurem, vá você visitá-los. Não fique em casa aguardando algo extraordinário, saia e torne, em nome de Jesus, sua vida e a vida dos outros extraordinária.
À medida em que caminhamos em obediência e submissão, mesmo sem saber para onde vamos, sem ter nenhuma garantia do que vamos encontrar, seremos uma benção. Assim foi com Abraão, foi com José e foi também com o apóstolo Paulo. 

Foram abençoados porque abençoaram.
Fonte: http://www.ippdf.com.br/comunidade/boletim-da-semana/se-tu-uma-bencao/

August 13, 2016

Quem é você dentro de você?

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- Thales Rios

Num passado distante cientistas foram desafiados a criar um complexo sistema mundial de interligação de computadores para troca de informações à distância. As possibilidades eram enormes: poderiam enviar informações militares e científicas de um continente a outro, acessar dados bancários, conversar com pessoas do outro lado do mundo, comprar e vender sem sair de casa. Décadas mais tarde, cá estou eu, me dedicando a gastar tempo nesse tal complexo sistema mundial de interligação de computadores para fazer testes em que descubro qual seria meu Pokémon na vida real.

Por mais tonto que seja, é muito divertido responder 5 perguntas e descobrir que no universo de Friends eu seria o Ross (droga, sempre quis ser o Chandler), que no Star Wars eu seria o Jar Jar Binks (o que é indiscutível, infelizmente) e que dentre as princesas da Disney eu seria a Branca de Neve (sim, eu já fiz esse teste mesmo). Os resultados são meio deprimentes, mas é viciante demais pra parar com isso.

Fora estes testes bisonhos de “quem é você na fila do pão” e “quem é sua alma gêmea” (nunca funciona, acreditem em mim), tem outros realmente interessantes por aí, alguns que dá até pra botar certa fé e parecem ter algum embasamento de psicologia por trás. Meus favoritos são aqueles em que você tem que imaginar um cenário com vários elementos e depois descobre que aquele deserto é a representação da sua vida patética e sem sentido, o cavalo rebelde é sua pessoa amada que está pisando na única flor do jardim, que representava seu último amigo. (Baseado em fatos bizarramente reais de um amigo meu esse exemplo.)

Meu primeiro contato com testes assim foi na época em que a Internet ainda era tudo mato. Quando criança, conheci uma velhinha muito simpática que parecia ter poderes sobrenaturais. Ela estava em casa conversando com minha mãe e do nada me pediu pra desenhar uma estrada, árvores e uma casa. Achei tonto da parte dela (e não disse isso porque eu era um menino muito educado), mas fiz lá o tal desenho pra velhinha. Ela pegou o papel na mão, abaixou os óculos de velha dela e começou a me descrever completamente se baseando no desenho: “Olha, menino, estas árvores inclinadas pra direita mostram que você gosta de imaginar muito as coisas antes de fazê-las; a cerca na estrada feita assim me diz que você tem muito medo de arriscar nas suas decisões; o caminho com curvas deste jeito mostra que você é muito desorganizado; e esta casa com telhado deste jeito e um cachorro na porta me indicam que você gosta muito de cachorro, porque eu nem pedi pra desenhar cachorro”. Caramba! Não lembro bem como foi que ela descreveu as coisas na verdade, mas ela parecia saber mais de mim do que eu mesmo! Em seguida pegou meu caderno da escola e descobriu pela minha letra que eu era impaciente, distraído e sentia ciúmes da menina que gostava (o que era verdade mas neguei, obviamente). Depois de desnudar meus sentimentos e personalidade ela deu um sorrisinho, fez alguma piadinha sobre poderes mágicos e me deixou anos pensando que ela era prima da Morgana ou algo do tipo.

Infelizmente, anos mais tarde eu soube que ela havia estudado algo relacionado a psicologia, o que fez a magia desaparecer um pouco, mas de qualquer maneira isso me fez ficar fanático por estes testes de personalidade.

Há um tempo atrás eu vi em um site mais um destes testes em que se tem que imaginar um cenário, um animal, uma cabana e mais um monte de coisas. Entre estas coisas, devia imaginar uma caneca ou frasco que estava no fundo da tal cabana. Como ele é? Imaginei um frasco de vidro bem fino e fraco, todo embaçado e com água suja parada. O que você faz com ele? Contrariando o que eu realmente faria na vida real, me imaginei pegando o frasco, jogando a água suja fora e depois fui em uma torneira, o lavei, sequei e levei comigo tomando todo o cuidado do mundo. No fim do teste eles explicavam que o frasco representava a minha relação com a pessoa mais importante pra mim naquele momento. Mais tarde naquele dia liguei pra tal “pessoa mais importante pra mim naquele momento”, contei que fiz mais um daqueles testes tontos, falei que limpei o frasco porque não queria nenhum Aedes Aegypti por perto, rimos, nos desejamos boa noite e fomos dormir. Um mês depois ela me largou e voltou com o ex-namorado.

Não sei se Freud explica isso também, mas aquele teste fez sentido até demais pra mim. Era realmente um relacionamento frágil, cheio de sujeira acumulada de passados mal resolvidos. Tentei limpar com cuidado, mas na vida real acabou tudo despedaçado.

Este pode parecer um texto sobre pé na bunda e seus pais falando “Pelo menos agora você sabe como faz pra pegar alguém, né?” (e não, ainda não sei), mas não. Este texto é apenas um devaneio sobre como carregamos tanta sujeira nesse nosso frasco chamado vida. Sobre como nossas atitudes são comandadas por coisas que nem percebemos que nos dominam e ditam nossa vida.

O que somos e o que fazemos é, em sua maioria, resultado do que vivemos até então, e a nossa linha do tempo é o tempo todo agredida e entortada por pancadas que experimentamos todo santo dia. Cada pequena falha nossa ou do outro faz pingar mais uma gota no frasco, cada pecado cumpre sua função em aumentar a distância nos relacionamentos, cada trauma nos imputa medos que tornam opacas nossas decisões e, quando menos esperamos, nosso frasco está transbordando sujeira e nos encontramos envoltos em tanto lodo que já não dá mais pra ver do outro lado do vidro.

É preciso limpar o que está ali dentro.

Ignorar a sujeira que acumulamos conosco não a limpa, e nessa vida não se tem tapete suficiente pra varrer tudo pra debaixo dele. Cada trauma ignorado, cada falha arquivada, cada pecado engavetado vão cobrar sua atenção um dia. É preciso esvaziar nossos armários para que as traças não corroam o que realmente importa. É preciso tratar as velhas feridas, mesmo que seja pra aprender como tratar as que ainda estão por vir. É preciso enfrentar os velhos traumas para que eles não roubem sua liberdade de escolha na vida. É preciso enterrar seus mortos, mesmo sabendo que parte de você será enterrado junto. É preciso se livrar da sujeira que acusa e te impede de se relacionar consigo mesmo, pois só assim pode-se se tornar livre pra se relacionar com o outro outra vez.

Quantas amizades precisam ser desperdiçadas por medo de confiança? Quantos amores precisam ser evitados por medo do abandono? Quantos cachorros precisam ser negados por medo da separação? Quantos projetos precisam ser engavetados por medo do fracasso? Quantas festas, quantas comidas, quantas experiências, quantas viagens, quantas roupas, quantos sorvetes, quantos abraços, quantas danças, quantos prazeres?

Quanta vida é preciso deixar pra lá por coisas que já deveriam ter sido deixadas pra lá?

É preciso esvaziar o velho eu para poder ser preenchido de uma nova vida.

Não há frasco que não possa ser lavado.

Não há passado que não possa ser deixado pra trás.

É preciso aprender perdoar – a si mesmo, inclusive.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/jovem/2016/06/13/quem-e-voce-dentro-de-voce/

August 12, 2016

O que é fé senão um enorme risco?

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- Jen Pollock

O salmista afirma que a palavra de Deus é “lâmpada que ilumina os [nossos] pés e luz que clareia o [nosso] caminho” (Sl 119.105), lembrando para si mesmo (e para nós) que, como Abraão, não receberemos mais luz, nem mais conhecimento, nem mais certeza do que o necessário para nosso próximo passo de fé.

O que é fé senão uma série de passos indecisos para frente? O que é fé senão perceber nosso caminho em meio à notória escuridão, confusos em relação à direção que estamos tomando, incertos quanto ao propósito por trás do imperativo de Deus? O que é fé senão a vontade de acreditar e agir com base na menor e mais fraca percepção da voz de Deus e no empurrão de Deus que vem de trás? O que é fé senão o enorme risco de abandonar as garantias da certeza?

Esses são os tipos de perguntas que nos desafiam a examinar nossos desejos e expor a verdadeira natureza deles. 
Temos confiado em Deus – ou temos exigido controle?
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/blogdaultimato/2016/07/15/o-que-e-fe-senao-um-enorme-risco/

August 11, 2016

Sem mapas

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- René Padilla

Fui criado em um lar cristão e recebi o ensino por parte de meus pais desde que era menino, mas quando cheguei ao ensino médio, recebi muitas perguntas difíceis dos professores que eram ateístas. Isso despertou em mim o interesse em encontrar respostas a essas perguntas. Por que, por exemplo, em um continente que é tido como cristão, há tanta injustiça social, tanta exploração e opressão? Eu não sabia o que dizer.

Com o desejo de encontrar uma resposta, fui começando pela literatura. Sempre gostei muito de ler, mas não encontrei nada. Fui aos Estados Unidos para estudar e nos meus anos lá também não encontrei resposta. Mas na universidade em que recebi o título de filosofia também tive os instrumentos para estudar teologia.
Voltei à América Latina para trabalhar com a Comunidade Internacional dos Estudantes Evangélicos (CIEE) e vi que as mesmas perguntas que eu havia escutado antes estavam sendo feitas nas universidades. Isso provocou em mim o desejo de encontrar uma resposta a partir de minha própria situação, como uma nota pastoral aos estudantes e sobre a base da Bíblia, das Escrituras.
Junto com os outros membros do CIEE, como Samuel Escobar e Pedro Arana, ambos peruanos, começamos todo um processo de reflexão que nos levou à conclusão de que interessa a Deus a totalidade da vida humana. Não só a alma, não somente o espiritual, mas cada aspecto da vida humana e da pessoa em comunidade. Não sozinha, mas na comunidade.
Foi esse o nascimento da missão integral, nos anos 1960, pelo menos no mundo evangélico. Depois, muito tempo depois, descobrimos que havia autores evangélicos que já haviam escrito sobre isso antes de nós, não com a termologia que usamos, de “missão integral”, mas realmente com a ideia de que o evangelho é para a totalidade da pessoa.
Caminhos para as novas gerações
Quando jovens, queremos mudar o mundo. Quando se chega à minha idade, já sabemos que a mudança não é tão fácil. Mas sempre é possível plantar a semente da inquietude, semear perguntas e questionar o que está acontecendo. Não com o propósito de fazer uma crítica negativa, mas de ver sinais do reino de Deus e manifestações locais em um contexto de injustiça global. Creio que esta é a nossa tarefa. Jesus Cristo não mudou as coisas no Império Romano globalmente, mas seu ministério foi de sinais do reino de Deus. E esta é a nossa missão.
Sempre há possibilidade de que a nova geração construa sobre tudo que é positivo da geração passada. Obviamente nenhuma geração é perfeita. Há pontos positivos e negativos. É preciso tomar o que há de positivo e sobre esta base construir algo que realmente dê a resposta aos problemas que afetam negativamente a humanidade.
Tenho muita esperança na nova geração. E creio que esta esperança tem a ver não somente com a possibilidade de que construam sobre os acertos da geração passada, mas também que se atrevam a fazer coisas novas. E isso está acontecendo. Creio que a nova geração tem muitas vantagens em relação à passada. A nós, da geração anterior, cabe a tarefa de abrir brechas e lutar contra a atitude negativa a respeito de toda ideia de mudança. Agora, muitos “velhos” reconhecem tal necessidade de mudança. Então a nova geração tem a oportunidade de oferecer novas respostas.
À juventude cabe o papel de conscientizar o povo de Deus sobre os problemas que afetam toda a humanidade, não somente a igreja. Às vezes o problema é que nós cristãos ficamos preocupados em conseguir garantias para igreja, mas não pensamos em termos mais amplos.
Quando eu tinha mais ou menos 20 anos, um amigo missionário me disse: “René, não se esqueça disso. Deus não nos dá um mapa. Deus nos dá sua mão”. Entende?Se temos um mapa, vamos sozinhos.

Mas Deus não nos dá um mapa, Deus nos dá sua mão.

Temos que aprender a caminhar pela mão de Deus. Confiando em Seu Espírito e abertos a todo discernimento não somente pessoal, mas também comunitário. 

Deus nos dá sua mão e nos conduz passo a passo em seu caminho se estamos dispostos a sermos obedientes ao que Ele quer de nós. 

Que confiemos em Deus e avancemos em tudo que tem a ver com o desenvolvimento de nossa vocação, como participação na missão de Deus no mundo.
Fonte: http://ultimato.com.br/sites/blogdaultimato/2016/08/04/nao-ha-mapas-por-rene-padilla/