April 30, 2018

Nothing like your love

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https://www.youtube.com/watch?v=kFIpKIBvJRk

Love unchanging
God Your mercy never fades
And I'm surrounded
By Your compassion and Your grace

Your love
Brighter than the sun
More beautiful than words could ever say
This endless light
Shining over all
It leads me to Your glory everlasting

In Your kindness
For the broken and the lost
You gave Your only Son
To bear my shame upon the cross

Your love amazing
Fills my heart and I sing out
There is none like You
There is nothing like Your love
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April 29, 2018

Sua presença e nada mais

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- Rubem Amorese

Para que serve Deus? Para nada.

Bem, pelo menos deveria ser assim. Deus deveria ser inútil. Explicando: Deus deveria ser nossa eterna fonte de prazer e gozo. Sem a necessidade de nos ser útil; sem que esse prazer dependesse de pedidos atendidos, problemas resolvidos, exercícios espirituais, teologias etc. Fomos criados para apenas “curtir” a sua presença, a sua amizade, a sua beleza, numa alegria e paz sem fim. Fomos concebidos para ser um com ele, assim como é o Filho com o Pai. A sua presença apagaria todas as nossas preocupações, ansiedades, frustrações, medos, temores e coisas assim.

Bastaria a nós estar com ele, plenos de felicidade; sem relógio, sem passado e sem ansiedades. Uma versão completa do pouquinho que experimentam amantes apaixonados, quando se encontram. Imagem pálida do amor que experimenta um pai quando pega sua filhinha no colo pela primeira vez: tudo para; tudo cala; tudo se resume aos dois.

Seria como quando a corça deixa de suspirar e encontra a corrente das águas (Sl 42.1). Seria como quando a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe (Sl 131.2). Seria como se finalmente habitássemos “na casa do Senhor por longos dias” (Sl 23.6). Seria como quando nos víssemos diante da face de Deus (Sl 42.2). Ou como quando a trombeta tocasse e o noivo entrasse para as bodas (Mt 25). Seria como aquele dia em que nossas lágrimas fossem enxugadas em consolo definitivo (Ap 21.4).

E para que serviriam todos esses momentos inefáveis? Para nada, insisto.

Pensar na utilidade deles seria amesquinhá-los, pois nossa alma secretamente anseia por eles. Sonhamos ver cada um deles transformados em estado permanente; o “estado de graça”. Finalmente, o peregrino chegaria ao seu destino; o que procura encontraria; ao que bate, abrir-se-lhe-ia; o que tem sede beberia; eternamente.

Tudo isso estava à disposição de Elias, naquela caverna (1Rs 19.11-16). Ele havia determinado a seca e a chuva; havia vencido os profetas de Baal e humilhado os falsos deuses. Agora, exaurido e deprimido, lambe suas mágoas. Tal era a agitação de sua alma que Deus precisou esperar para lhe falar. E disse: “Elias, o que fazes aqui?” - fugindo de Jezabel, como quem teme a homens?

Quando as razões eclesiásticas, missionárias, funcionais - utilitárias, enfim - cessarem, o que será da nossa devoção de servos do Senhor? Pastores, professores, missionários, presbíteros, diáconos, ministros e tantos outros “agentes do reino” precisam considerar o momento em que, eventualmente, entregarem ou perderem seus cargos e voltarem ao banco da igreja.

O que serão e farão agora? Estranharão o seu Deus como um casal que se olha após o casamento do último filho? Após tanto tempo de dedicação aos filhos, agora, ninho vazio, olham um para o outro como estranhos? Não. Que essa eventual exoneração nos seja uma promoção honrosa - e deliciosa.

Agora, Deus nos será companhia ainda mais próxima e verdadeira; presença constante, pessoal e íntima. O cálice que, finalmente, transborda.

Agora, sim, sem “para quês”, restarão encontros inesperados com o Amado de nossas almas. Sem relógios, sem esboços, sem demandas, sem agendas. Só nós e ele. Enquanto ele quiser que assim seja. E até que nos chame.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/363/sua-presenca-e-nada-mais

April 28, 2018

A vida é feita de escolhas [ sim, a liberdade - e responsabilidade - de administrar o tempo da sua vida é sua ]

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Um amigo disse que não entra para as redes sociais, possivelmente porque ele vê quase todas as pessoas desligadas do mundo o dia todo, quiçá até à noite, e não percebem o que está ocorrendo em volta. Às vezes é uma reunião social, um encontro da família, mas as pessoas não se falam absortas que estão na telinha de um aparelho celular.

Há um ditado popular que diz, mais ou menos, assim: "Eu posso deixar uma andorinha pousar em minha cabeça; não posso é permitir que ela faça um ninho".

Na verdade, eu não queria fazer parte dessas redes por julgar que elas são "invasivas" da privacidade dos seus usuários; aliás estamos vivendo nos últimos dias uma crise de invasão de privacidade de 87 milhões de usuários [70 milhões só nos EUA e 443.177 no Brasil]!

Finalmente, um dos filhos pegou o meu celular e me inscreveu em uma das redes, e minha cunhada me inseriu em outra rede para que eu possa me comunicar, disse ela, com meus filhos e netos.

No final das contas, estou em três delas, que tomam muito do meu tempo porque tenho por hábito responder cada mensagem e não só "curtir".

Todavia, só me conecto à noite e, quando o celular fica ligado durante o dia, são dezenas, centenas de apitinhos, que avisam que entrou mensagem, mas eu não me importo, só vou ver/responder à noite, após terem se esgotado todas as minhas atividades outras, principalmente ler e escrever.

Não fiquem aborrecidos pela imaginação de que eu lhes ignoro; não é isso, mas uma questão de disciplina; há pessoas que postam uma mensagem e, por não terem retorno imediato, enviam a mesma mensagem, várias vezes, como que insistindo no sentido de serem atendidas pela importunação; uma vez ocorreu de, após várias tentativas, vir uma mensagem assim: "peça à sua mulher para me incluir" (sic), supondo uma subordinação conjugal que me impede de responder alguém do sexo feminino.

Não é nada disso, mas um autocontrole meu para não me escravizar a um passatempo que me afasta das demais atividades; preciso de tempo para leituras [sempre foi minha paixão], para escrever [outra atividade feliz] e para conversar com minha esposa e eventuais visitantes [filhos, netos, amigos].

Nas minhas leituras, tive oportunidade de saber que psiquiatras concluíram que esse "vício", a absorção do tempo pelas redes sociais, pode "levar a distúrbios mentais", com o nome de "Nomofobia" (sic).

Encontro, na Palavra de Deus, base para afirmar que todas as coisas me são lícitas, mas que não devo deixar me dominar por nenhuma delas:

"Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não deixarei que nada me domine" (I Co. 6. 12 NVI); "Tudo é permitido, mas nem tudo convém. Tudo é permitido, mas nem tudo edifica" (I Co. 10. 23 NVI).

A respeito da "importunação", à qual alguns recorrem para serem atendidos, também a Escritura Sagrada menciona essa situação:

"Então [Jesus] lhes disse: suponham que um de vocês tenha um amigo e que recorra a ele à meia noite e diga: Amigo, empreste-me três pães, porque um amigo meu chegou de viagem, e não tenho nada para lhe oferecer. E o que estiver dentro responda: Não me incomode. A porta já está fechada, e eu e meus filhos já estamos deitados. Não posso me levantar e lhe dar o que me pede. Eu lhes digo: Embora ele não se levante para dar-lhe o pão por ser seu amigo, por causa da importunação se levantará e lhe dará tudo o que precisar" (Lc. 11. 6-8 NVI).

"Então Jesus contou aos seus discípulos uma parábola, para mostrar-lhes que eles deviam orar sempre e nunca desanimar. Ele disse: Em certa cidade havia um juiz que não temia a Deus nem se importava com os homens. E havia naquela cidade uma viúva que se dirigia continuamente a ele, suplicando-lhe: Faze-me justiça contra o meu adversário. Por algum tempo ele se recusou. Mas finalmente disse a si mesmo: Embora eu não tema a Deus e nem me importe com os homens, esta viúva está me aborrecendo; vou fazer-lhe justiça para que ela não venha mais me importunar" (Lc. 18 1-5 NVI).

Será que estou errado? Houve até uma situação desconfortável, há poucos dias: uma pessoa, que me é muito querida [minha neta], teve uma elevação de pressão no trabalho, foi para o hospital e depois me enviou uma mensagem de texto para eu ir buscá-la – só vi muitas horas mais tarde, quando não precisava mais; disse eu a ela que deveria ter ligado para o telefone fixo, pois não fico conectado o dia todo.

Reafirmo, todavia, que NÃO POSSO ME DEIXAR DOMINAR por esse "vício" dos tempos atuais para o meu bem e dos que me rodeiam; preciso e devo ter domínio próprio (Gl. 5 22) que julgo muito importante no texto que o Apóstolo Paulo fala sobre o "fruto do Espírito".

Temos de estar cientes de nossa "responsabilidade" em relação às coisas que temos a liberdade de fazer, mas que não convêm.

Pense nisto!

Fonte: http://www.ultimato.com.br/comunidade-conteudo/nao-posso-me-deixar-dominar-por-elas

April 27, 2018

A liberdade cristã

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- Ricardo Barbosa

Ser livre, viver com liberdade e deixar os outros viverem livremente é o que mais desejamos e o que mais nos amedronta. Todos nós sonhamos com a liberdade, com uma vida onde ninguém pega no nosso pé, nem determina a hora que devemos sair ou chegar, o tipo de roupa que devemos usar ou a música que podemos escutar. Sonhamos com uma família, igreja ou sociedade onde as pessoas confiam umas nas outras, amam com sinceridade e convivem em paz uns com os outros.

No entanto, o mundo não é assim. Criamos tribunais para julgar, leis para cumprir e polícia para garantir a ordem. Constituímos estruturas sociais, familiares e eclesiásticas. Estabelecemos hierarquias, comandos e regras para oferecer alguma segurança e estabilidade social.

O que fazer então diante dos nossos sonhos de liberdade? 

Em Gálatas, Paulo oferece um caminho fundamentado na liberdade que ele experimentou em Cristo. Ele afirma que fomos chamados para a liberdade, mas também sabe que temos medo dela. Paulo conhece os perigos da liberdade, mas não abre mão de sua importância. A liberdade cristã, para Paulo, não está em discussão, é um assunto já definido. 

Fomos chamados para a liberdade. A questão que ele levanta é: uma vez livres, como vamos viver esta liberdade? Vamos ser livres para manipular, explorar ou mutilar os outros? Certamente não. Paulo diz: “Não useis a liberdade para dar ocasião a carne”. É a forma como a usamos que está em questão, porque a liberdade traz sempre consigo uma oportunidade, uma escolha, um caminho.

A fórmula de Paulo para o cristão experimentar e viver livremente é: “Sede servos uns dos outros, pelo amor”. Não alcançamos a liberdade em projetos isolados, em iniciativas privadas, mas na vida em comunhão com os outros. É somente no amor que expressamos a liberdade de forma a dignificar ao invés de destruir. 

Somente uma pessoa livre, amaO amor, bem como todo o fruto do Espírito, é a expressão de uma pessoa livre.

Biblicamente falando, o amor tem duas dimensões básicas: a primeira é que ele tem sua origem em Deus (“nós amamos porque ele nos amou primeiro” I Jo. 4:19), e a segunda é que ele sempre envolve outras pessoas. Na Bíblia, o amor não é uma palavra que descreve meus sentimentos, ou as formas como eu preencho as minhas necessidades. É um ato que corresponde a uma resposta a Deus em relação às pessoas.

Sem o amor pelo outro, a liberdade rapidamente se desintegra e se corrompe. A verdadeira experiência espiritual é uma experiência libertadora. Liberta-nos de nosso espírito aprisionado em nosso egoísmo para caminharmos em direção a Deus e ao próximo de forma generosa na construção de uma nova humanidade criada em Cristo Jesus.

Fonte: http://www.ippdf.com.br/comunidade/boletim-da-semana/refletindo-sobre-a-liberdade-crista/

April 26, 2018

Aceitar as idiossincrasias pode ser sinal de sanidade

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Apagar o passado que nos ofende é uma missão paranoica e infinda

- João Pereira Coutinho

Se o leitor viajar para Nova York e der um passeio no Central Park, a estátua de J. Marion Sims já não está no lugar. Quem?

Entendo. Também eu desconhecia o nome e nunca prestei atenção à estátua nas minhas deambulações por lá. Mas parece que o dr. Sims foi um importante médico do século 19 e, abreviando a história, é considerado "o pai da ginecologia moderna".

Aplausos?

Nem por isso. Segundo os especialistas, as proezas científicas do dr. Sims foram testadas em mulheres escravas que nunca deram o seu consentimento para serem ratinhos de laboratório. Antes de ser médico, o dr. Sims foi um torturador.

A Prefeitura de Nova York, confrontada com as denúncias, decidiu remover a estátua. Hoje, os admiradores do dr. Sims devem rumar ao cemitério de Green-Wood, no Brooklyn, onde está a sua sepultura —e onde estará a infame figura.

Perante este caso, a pergunta óbvia não é saber se o dr. Sims foi um monstro moral. Qualquer pessoa com a sanidade em dia responde afirmativamente sem hesitar. O mesmo poderia ser dito sobre outro médico, Hans Asperger, que pelos vistos não se limitou a dar o seu nome a uma perturbação autista. Soube-se agora que também enviou muitas crianças com deficiência para o matadouro do Terceiro Reich.

A questão é outra: será que devemos remover da paisagem estátuas, monumentos ou edifícios que surgem manchados pela ignomínia do passado? Com a devia vênia à sensibilidade histérica dos contemporâneos, penso que não. Por dois motivos.

O primeiro é prático: apagar o passado que nos ofende com seu cortejo de horrores seria uma missão paranoica e infinda. Não falo da estátua. Falo das mil provas materiais que ficaram para os vindouros e que, analisadas à lupa, revelam sempre uma mácula qualquer, cometida sobre algo ou alguém.

Quando o leitor, turista extasiado, tira fotos nas pirâmides de Gizé ou no coliseu de Roma, será preciso lembrar que na sua "selfie" vão também os escravos egípcios e os cristãos devorados?

Não sou um fã incondicional de Nietzsche. Mas como discordar da sua premissa trágica de que a toda a civilização contém em si sementes de barbárie?

Ironicamente, as patrulhas de esquerda ou de direita tendem a reagir de formas igualmente falsas perante essa evidência. A esquerda, reduzindo a civilização aos seus atos de barbárie; a direita, extirpando a barbárie de qualquer relato glorioso sobre a civilização. Como é evidente, é possível acomodar essas duas dimensões para explicar o que somos —e fomos: bárbaros e civilizados.

Outro autor que verdadeiramente aprecio —Robert Louis Stevenson— já nos tinha revelado isso com outro médico e outro monstro: os famosos Dr. Jekyll e Mr. Hyde, que conviviam no mesmo corpo em tensão permanente.

A história do Ocidente é a história dessa tensão. Pretender um mundo higienizado, onde nenhuma memória nos agride, remeteria os homens para o deserto do Saara. Isso, claro, se esquecêssemos os rios de sangue que um dia cobriram aquelas areias aparentemente imaculadas.

Mas existe um segundo problema com a pretensão de negar o passado: é não aprender nada com ele.
Disse que o médico e o monstro habitam o mesmo corpo em tensão permanente. Isso significa que a singularidade da civilização ocidental não está na capacidade para produzir monstros - um talento extensível a qualquer outra civilização conhecida.

A singularidade está na capacidade para suplantar esses monstros. Creio que era o filósofo Pascal Bruckner quem avisava: não podemos falar da inquisição sem falar do iluminismo. Não podemos falar da escravidão sem lembrar os movimentos abolicionistas. Não podemos falar dos totalitarismos políticos sem lembrar as democracias liberais.

Criamos venenos e curas para eles. E isso só será possível pela exposição dos nossos males, não pela sua piedosa ocultação. Não passaria pela cabeça de ninguém arrasar Auschwitz-Birkenau e construir por cima um campo de golfe.

A estátua de J. Marion Sims deveria ter ficado onde estava. Com uma explicação pública e suplementar sobre o médico: ali também havia maldade humana.

De resto, essa opção seria a única forma de prestar uma verdadeira homenagem às vítimas. Quem remove estátuas incômodas também leva para o silêncio quem não merece o esquecimento.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/joaopereiracoutinho/2018/04/medicos-e-monstros.shtml

April 25, 2018

Não basta falar, é preciso fazer

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- Ricardo Barbosa

Muitos gostariam que o Sermão do Monte terminasse com a conhecida “lei áurea” - “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas” (Mt 7.12). E o mais famoso sermão de Jesus terminaria com um bom resumo de tudo o que ele havia acabado de ensinar.

Porém, Mateus não termina assim. Ele segue com uma recomendação e conclui com uma pequena parábola, na qual Jesus deixa claro o que ele espera dos seus ouvintes. Uma forma de entender a conclusão desse sermão são os pronomes: “nem todo o que “me” diz”, “aquele que faz a vontade do “meu” Pai”, “hão de dizer-‘me’”, “apartai-vos de ‘mim’”, “ouve as ‘minhas’ palavras”. Eles nos levam a considerar quem ensina, e não apenas o que se ensina. São essas palavras que formarão o texto que definirá o julgamento, que terá como fundamento o que as pessoas fizeram com suas palavras.

Jesus começa sua recomendação dizendo: “Entrai pela porta estreita” (v. 13). Não é simplesmente um convite, mas um imperativo. No final do sermão, Jesus afirma que existem duas portas e dois caminhos. Um deles leva à morte; o outro, à vida. Jesus reconhece, com tristeza, que são poucos os que entram pelo caminho estreito (v. 14).

O caminho estreito é o herdado. É o caminho da criação, da redenção, o caminho de Jesus. Não é algo imposto a nós, é o caminho que Jesus trilhou e que agora nos convida a trilhar. O caminho largo é o imposto. Chega a nós pela imposição da maioria, da propaganda, daqueles que não suportam seguir sozinhos pelo caminho da perdição e da destruição. O caminho largo não é congruente com aquilo que fomos criados para ser.

O caminho estreito é o do reino preparado para nós antes da fundação do mundo. Jesus não diz que quem não andar pelo caminho estreito será punido. É o próprio caminho largo que nos conduz à morte. Seguir pelo caminho largo ou procurar entrar pelo estreito é uma escolha que fazemos.

O caminho estreito envolve o ouvir e o fazer. Na parábola dos dois construtores, a diferença não está no ouvir - ambos ouviram. A diferença está no fazer. Existem duas opções: ouvir as palavras de Jesus e não praticá-las ou ouvi-las e praticá-las. A casa que cai é composta por crentes que consideram as palavras de Jesus bonitas para se ouvir, boas para se falar e ensinar, mas irreais para serem praticadas. Como diz C. S. Lewis em “O Grande Abismo”:

Só há duas espécies de pessoas no final: as que dizem a Deus: “Seja feita a tua vontade”, e aqueles a quem Deus diz: “A tua vontade seja feita”. Todos os que estão no inferno foi porque o escolheram. Sem essa autoescolha não haveria inferno. Alma alguma que desejar sincera e constantemente a alegria irá perdê-la. Os que buscam encontram. Para aqueles que batem, a porta é aberta.

Jesus afirma na conclusão do sermão que “nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus” (v. 21). Existe uma diferença entre os sinais do poder e da ação de Deus e os sinais de que pertencemos a ele. Deus pode expulsar demônios usando qualquer pessoa. Os milagres são sinais do poder de Deus, não de que pertencemos a ele. Os sinais de nosso pertencimento são os frutos da obediência, do praticar aquilo que Jesus ensinou. São estes os frutos que Jesus espera encontrar naqueles que dizem: Senhor, Senhor! Fé em Jesus não é fé real enquanto não fazemos o que ele nos manda fazer.

Nosso problema com o Sermão do Monte é mais com aquele que ensina do que com o ensino em si. Confiamos neste Senhor? Cremos que ele é bom? Estamos seguros de que ele realmente sabe o que necessitamos? Se não confiamos nele, vamos achar suas palavras bonitas de se ouvir e boas para se falar - mas não reais para se viver. O julgamento para aqueles crentes que ouvem, mas não praticam, será a ausência da comunhão divina: “Nunca vos conheci”.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/331/nao-basta-dizer-e-preciso-fazer

April 24, 2018

Alegrem-se e comemorem

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E isso não é tudo. Considerem-se abençoados sempre que forem agredidos, expulsos ou caluniados para me desacreditar. Isso significa que a verdade está perto de vocês o suficiente para os consolar – consolo que os outros não têm. Alegrem-se quando isso acontecer. Comemorem, porque, ainda que eles não gostem disso, eu gosto! E os céus aplaudem, pois sabem que vocês estão em boa companhia. Meus profetas e minhas testemunhas sempre enfrentaram essa mesma dificuldade.

Mateus 5.11-12

Se começamos o ataque contra nossa oposição, estamos sujeitos à aspereza e arrogância; se ficamos na defensiva, perdemos a iniciativa e parecemos tímidos e inseguros. Quando celebramos nossa fé, o inimigo se desarma e é atraído à celebração. Saltar de alegria é a sanidade da bênção em uma sociedade lunática.

Que motivos você tem para se alegrar?

Senhor Deus, não usarei as armas do mundo para lutar tuas batalhas, e não serei encurralado por aqueles que desprezam teu amor. Sê comigo enquanto celebro meu testemunho com júbilo e proclamo minha confiança com alegria por causa de Jesus. Amém. 

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/devocional-diaria/2018/02/09/autor/eugene-h-peterson/alegrem-se-e-comemorem-2/

April 18, 2018

Contentamento

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Melhor é contentar-se com o que os olhos veem do que sonhar com o que se deseja. Isso também não faz sentido; é correr atrás do vento. [Eclesiastes 6.9]

- Martinho Lutero

Deleitar-se com o que você tem atualmente é melhor do que deixar que o seu coração vagueie. Você deve fazer uso do que está na sua frente, em vez de perambular por aí, cheio de desejos. Isto foi o que o cachorro dos escritos de Esopo fez quando perseguiu o reflexo na água, o que fez com que ele perdesse a carne que tinha na boca. 

Você deve usar o que Deus colocou diante de você e ficar satisfeito com isso. 

Você não deve tentar satisfazer os seus próprios desejos porque eles nunca serão totalmente satisfeitos. Em vez disso, você deve usar tudo o que Deus tem colocado diante de você. Tudo isso é muito bom (Gn 1.31).

Pessoas fiéis são contentes com o que têm e consideram tudo como um presente de DeusOs incrédulos, porém, agem de forma diferente. Tudo o que vêm na sua frente não passa de um estorvo. Eles não usam esses presentes nem os apreciam. Ao contrário, permitem que seus corações andem sempre descontentes. Se eles têm dinheiro, não encontram prazer nem desfrutam dele. Eles sempre querem algo diferente. Se eles têm um cônjuge, querem uma outra pessoa. Se adquirem um reino, não ficam satisfeitos com apenas um. Alexandre, o Grande, por exemplo, queria outro mundo para conquistar.

Devemos fixar nossos olhos no que já temos à nossa frente. Devemos nos agradar com tudo isso. Devemos ter prazer nisso e agradecer a Deus por cada coisa. Deus não quer que os nossos corações vagueiem pensando em outras coisas. 

Essa passagem nos mostra que devemos fazer uso do que temos no presente. Deixar que nossos corações vagueiem cheios de desejos não faz sentido.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/blogdaultimato/2017/10/09/contentamento-desfrutar-do-que-voce-tem/

April 17, 2018

Os paradoxos cristãos e a beleza que salvará o mundo

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- Maurício Avoletta Júnior

Um dos meus autores preferidos, o antropólogo francês René Girard, disse em seu livro “Mentira Romântica e Verdade Romanesca” que uma literatura só se explica com a outra, ou seja, que um tema tratado em determinado autor só faz completo sentido quando colocado de frente com outro autor tratando do mesmo tema.

Confesso que por muito tempo achei difícil engolir essa afirmação. Nunca fez muito sentido dizer que um livro só ganha sentido com outro livro, às vezes completamente avesso a ele. Contudo, recentemente, enquanto relia esse livro do Girard, finalmente compreendi o que ele quis dizer: um autor só faz sentido com outro autor, porque ambos são humanos e dividem a mesma natureza.

Girard era abertamente um admirador do teólogo católico Hans Urs von Balthasar, o mesmo que estruturou as ideias de Teodrama e de teologia sinfônica, o que claramente refletiu no pensamento girardiano. Von Balthasar defende que a compreensão da Verdade se dá na multiplicidade e não na singularidade, ou seja, que uma pessoa não possui a verdade, mas que uma comunidade pode possuir.

Da mesma forma, Girard mostra que na literatura, o sentido de um tema não se dá em um autor único, mas no diálogo entre autores. Dostoiévisk elucida alguns temas, mas é só quando colocado de frente com Proust que esses temas se completam; Lewis responde a muitas perguntas, mas é somente quando posto frente à Chesterton que muitas dessas perguntas somem; Tolkien fala muito bem de assuntos religiosos, mas é somente frente a Santo Agostinho que esses assuntos vêm verdadeiramente à tona.

Acredito que essa é a beleza da arte: refletir uma realidade que não enxergaríamos tão facilmente de outra forma. C. S. Lewis, em seu livro “O Peso da Glória”, no artigo de mesmo nome, diz que todo o belo e sublime, ou seja, toda a forma pura de arte, não é nada mais do que uma prova da existência de algo verdadeiramente belo e sublime. A arte nos mostra que a realidade não é somente a existência visível, mas que existe algo mais real e mais visível que a própria realidade. Foi esse tipo de pensamento que levou o crítico de arte Hans Rookmaaker escrever aquele pequeno, mas belíssimo livro, “A Arte não precisa de Justificativa”.

Rookmaaker entendeu que a arte é justificável por si só, pois ela sozinha já tem muito a falar, sem precisar que fiquemos impondo justificativas a ela. Dostoiévisk e Proust falam tão bem da natureza humana, exatamente porque não queriam falar da natureza humana. Não que eles não se importassem com esse tema, mas não foi isso que os motivou a escreverem suas histórias, e sim a pura e simples vontade de escrever histórias.

A arte é um reflexo da realidade, então, se ela for pura, ela se justificará sozinha.

Creio que seja por isso que hoje vivemos tempos tão sombrios, pois queremos justificar todas as coisas a qualquer custo. Queremos não apenas justificar, mas defender todas as coisas, e nos esquecemos de permitir que as coisas sejam o que elas naturalmente são. Precisamos explicar os mistérios da teologia, justificar nossas opiniões políticas, ansiamos por compreender o motivo de tudo, mas não deixamos que nada fale por si só. De certa forma, esse é um problema do ser humano como um todo: sempre buscamos entender todas as coisas, como se ao entendermos tudo fossemos ganhar algo mais do que nossa temporalidade e mortalidade.

Em uma de suas cartas para Bede Griffins, C. S. Lewis diz que a leitura de Chesterton não agrada mais as pessoas, pois elas não entendem paradoxos, e creio que essa realidade é ainda muito presente. Vivemos a época em que teólogos como Gordon Clark e Vincent Cheung dão respostas definitivas a questões para as quais em mais de dois mil anos se aceita o paradoxo. Estamos rodeados por aqueles que pensam que as respostas para os problemas da humanidade se encontram na Escola Austríaca ou em Karl Marx. Somos engolidos por multidões de pessoas que acham que a salvação da arte está na Escola de Frankfurt.

Como já afirmou o filósofo holandês Herman Dooyeweerd: a idolatria está justamente em trazer o infinito para o finito. Ao abandonar o paradoxo e buscar justificar todas as coisas, as pessoas se aprisionaram em uma sociedade idólatra, individualista e materialista, nos piores sentidos que esses termos podem ter.

Uma das personagens de Dostoiévisk afirmou certa vez que a Beleza salvaria o mundo… Não há como discordar! A beleza nos aponta para a realidade, para o próprio Deus e, consequentemente, nos resgata do individualismo e do materialismo que a idolatria nos impõe.

Enquanto nossa sociedade continuar voltando seus olhos para si mesma, não teremos a redenção das artes e nem da própria existência. Enquanto nossa maior preocupação for a redenção pelos meios visíveis e lógicos, continuaremos a nos afogar nessa idolatria, até que não reste mais nada. Mas graças a Deus, Lewis nos lembrou que é justamente quando não temos mais nada, que percebemos que Deus é tudo o que sempre tivemos.

Acredito que algum dia chegaremos ao fundo do poço, mas tenho esperança de que, ao chegarmos lá, perceberemos que não estamos sozinhos.

Afinal, não foi essa a promessa, de que no vale das sombras e da morte Ele estaria conosco?

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/jovem/2017/09/19/os-paradoxos-cristaos-e-a-beleza-que-salvara-o-mundo/

April 16, 2018

A boca fala do que está no coração [ os nossos reflexos também ]

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- Stephen Camilo

Você​ ​provavelmente sabe​ ​que​ ​a​ ​distância​ ​recomendada​ ​entre​ ​um​ ​veículo​ ​e outro​ ​no trânsito é​ ​de​ ​3​ ​metros. Mas ​​isso​ ​não​ ​tem​ ​muito​ ​a​ ​ver​ ​com​ ​espaço em si, mas​ ​sim​ ​com​ ​o tempo​ ​de​ ​reação​ ​do​ ​motorista. Nossos​ ​reflexos​ ​definem​ ​nossa​ ​vida​ ​não​ ​só​ ​no​ ​trânsito, mas especialmente​ ​fora​ ​dele.

Lie​ ​to​ ​me

Mesmo​ ​que​ ​se​ ​proíba​ ​a​ ​propagação​ ​verbal​ ​de​ ​pensamentos​ ​de ódio, a​ ​beleza​ ​e​ ​o problema​ ​da​ ​comunicação​ ​humana​ ​é​ ​que​ su​a​ ​parte​ ​não verbal​ ​é​ ​infinitamente maior​ ​e​ ​mais​ ​rápida.

A​ ​criança​ ​aprende​ ​a​ ​intolerância​ ​nas​ ​nuances​ ​das​ ​expressões​ ​mais​ ​sutis. Existe​ ​um​ ​universo​ ​de​ ​significado​ ​na​ ​entonação​ ​da​ ​fala, ​escolha​ ​de​ ​palavras, contexto​ ​e​ ​conexão​ ​de​ ​frases. Esse​ ​é​ ​o​ ​reino​ ​das​ ​crianças.

De​ ​certa​ ​forma, virar​ ​adulto​ ​é​ ​ficar​ ​extremamente​ ​ruim​ ​em​ ​perceber​ ​e​ ​aprender com​ ​as​ ​coisas​ ​pequenas.

A​ ​lei​ ​dos​ ​2​ ​segundos

Quando​ ​uma​ ​mãe​ ​e​ ​uma​ ​criança​ ​pequena​ ​estão​ ​caminhando​ ​na​ rua,​ ​ao​ ​avistar um​ ​desconhecido,​ ​a​ ​mãe​ ​pode​ ​ser​ ​cortês​ ​e​ ​encorajar​ ​a​ ​criança​ ​a​ ​fazer​ ​o​ ​mesmo ou​ ​pode​ ​segurar​ ​mais​ ​firme​ ​na​ ​mão​ ​da​ ​criança e ​trazê-la​ ​para​ ​mais​ ​perto​ ​de si. A ​partir​ ​disso​ ​a​ ​criança​ ​vai​ ​construindo​ ​também seu ​perfil​ ​de​ ​sociabilidade​, como é seu contato com o ​estranho.

O​ ​tempo​ ​de​ ​reflexo​ ​médio​ ​de​ ​um​ ​ser-humano​ ​é​ ​de​ ​2​ ​segundos. E​ ​tudo​ ​isso​ ​acontece​ ​em​ ​menos​ ​de​ ​2​ ​segundos.​ ​De​ ​2​ ​em​ ​2​ ​segundos​ ​damos pequenas​ ​lições​ ​às​ ​crianças,​ ​que​ ​futuramente​ ​vão​ ​construir​ ​um​ ​repertório​ ​de reação​ ​social.

Um​ ​violão​ ​de​ ​cabeça​ ​para​ ​baixo

Toco​ ​violão​ ​desde​ ​os​ ​8​ ​anos​ ​de​ ​idade,​ ​e hoje,​ ​aos​ ​28​,​ ​não​ ​sou​ ​um bom​ ​músico,​ ​mas​ ​tenho​ ​bastante​ ​intimidade​ ​com​ ​o​ ​instrumento. Um​ dia, ​por​ ​curiosidade​, tentei​ ​tocar​ ​violão​ ​de​ ​cabeça​ ​para​ ​baixo, ​ isso​ ​é, apertar​ ​as​ ​cordas​ ​com​ ​os​ ​dedos​ ​da​ ​mão​ ​direita​ ​e​ ​fazer​ ​o​ ​ritmo​ ​com​ ​a​ ​mão esquerda, ​inverter​ ​o​ ​violão. Como​ resultado, ​não​ ​consegui​ ​tocar​ ​absolutamente​ ​nada, ​​nada​ ​mesmo.

Sei​ ​tocar​ ​violão,​ ​mas​ ​durante​ ​esses​ ​anos de prática,​ ​principalmente​ ​nos​ ​primeiros,​ ​houve​ ​o​ ​desenvolvimento​ ​da​ ​memória​ ​muscular. Pouco​ ​importa​ ​se​ minha​ ​cabeça​ ​sabe​ ​como​ ​fazer​ ​um​ ​acorde​ ​de​ ​Sol,​ ​a​ ​minha mão​ ​direita​ ​não​ ​sabe.

A​ ​importância​ ​que​ ​se​ ​deu​ ​à​ ​inteligência​ ​e​ ​ao​ ​raciocínio​ ​lógico​ ​no​ ​século passado,​ ​hoje​ ​é refletida​ ​em​ ​uma​ ​educação​ ​conteudista,​ ​em academicismo,​ ​dívidas estudantis​ ​e​ ​no​ ​desemprego​ ​de​ ​pessoas​ ​capacitadas​, que ​muitas​ ​vezes​ ​acabam tendo​ ​que omitir​ ​um​ ​curso​ ​superior​ ​para​ ​conseguir​ ​empregos​ ​considerados​ ​mais​ ​simples.

Ao​ ​mesmo​ ​tempo,​ ​grandes empreendedores e pessoas​ ​com​ ​uma ótima​ ​educação​ ​formal​ ​estão​ ​constantemente​ ​envolvidos​ ​em​ ​escândalos​ ​no mercado econômico​ ​e​ ​na​ ​política. Os​ ​impressionantes​ ​casos​ ​de​ ​burrice​ ​emocional​ ​dos​ ​tecno-milionários​ ​do​ ​Vale do​ ​Silício​ ​têm​ ​chamado​ ​a​ ​atenção​ ​do​ ​mundo​ ​todo.

O​ ​que​ ​sabemos​ ​de​ ​cor

O​ ​que​ ​sabemos​ ​de​ ​cor​ ​é​ ​o​ ​que​ ​sabemos​ ​de​ ​coração.​ ​O​ ​que​ ​pula​ ​da​ ​nossa​ ​boca em​ ​menos​ ​de​ ​2​ ​segundos​ ​é​ ​o​ ​que​ ​está​ ​no​ ​coração. A​ ​tecnologia​ ​está​ ​caminhando​ ​para​ ​ler​ ​os​ ​pensamentos​ ​correntes​ ​da​ ​mente,​ ​a​ ​linha​ ​de​ ​raciocínio.​ ​Cientistas​ ​estão​ ​trabalhando​ ​para decodificar​ ​a​ ​voz​ ​da​ ​nossa​ ​cabeça,​ ​na​ ​ilusão​ ​que assim​ ​saberão​ ​tudo​ ​sobre​ ​as​ ​pessoas. Talvez​ ​um​ ​dia​ ​seja​ ​possível​ ​legislar​ ​até​ ​sobre​ ​pensamentos,​ ​mas​ ​o​ ​coração​ ​é​ ​um território​ ​impossível​ ​de​ ​ser​ ​conquistado.

O​ ​que​ ​a​ ​psicologia​ ​chama​ ​de​ ​Id,​ ​a​ ​Bíblia​ ​chama​ ​de​ ​coração.​ ​O​ ​salmista,​ ​ciente de que​ ​nem​ ​ele​ ​ ​tinha​ ​acesso​ ​total​ ​a​ ​si​ ​mesmo,​ ​clama​ ​a​ ​Deus​ ​para​ que ​mostre​ ​a ele​ ​o​ ​que​ ​há​ ​de​ ​errado​ ​em​ ​seu​ ​coração,​ ​a fim de ser​ ​corrigido​ ​e aperfeiçoado.

Um​ ​dos​ ​motivos​ ​pelo​ ​qual​ ​o​ ​nosso​ ​coração​ ​foi​ ​criptografado​ ​por​ ​Deus​ porque​​ ​o que​ ​está​ ​ali​ ​talvez seja​ ​ruim​ ​demais​ ​para​ ​ser​ ​visto.​ ​Acho​ ​que​ ​veríamos​ ​as​ ​fraturas expostas​ ​de​ ​nossa​ ​alma. Esse​ ​reflexo​ ​da​ ​alma mostraria​ ​um espírito​ ​em​ ​metástase.

Visão​ ​de​ ​raio-X

Os​ ​evangelhos​ ​relatam, em​ ​vários​ ​momentos​, como ​Jesus​ ​conhecia​ ​o​ ​coração​ ​das pessoas. A ​boa​ ​notícia​ ​sobre​ ​Jesus​ ​é​ ​que​ ​ele​ ​não​ ​só​ ​tem​ ​a​ ​capacidade​ ​de​ ​ver​ ​a nossa​ ​alma,​ ​mas ele também​ ​não​ ​é​ ​o​ ​médico que​ ​desengana​ ​o​ ​corpo​ ​ou​ o ​sociólogo​ ​que desengana​ ​a sociedade dos​ ​homens.​ ​Jesus​ ​não​ ​só​ ​tem​ ​a​ ​cura,​ ​como​ ​ele​ ​é​ ​a​ ​própria​ ​cura.

Ainda​ ​somos​ ​os​ ​mesmos​ ​e​ ​vivemos​ ​como​ ​os​ ​nossos pais,​ ​porque​ ​nossos​ ​pais​ ​nos​ ​ensinaram​ ​o​ ​medo,​ ​e,​ ​enquanto​ ​houver​ ​medo, haverá​ ​intolerância. Qualquer ​ ​ pessoa ​ ​ é ​ ​ capaz ​ ​ de ​ ​ puxar ​ ​ um ​ ​ gatilho ​ ​ se ​ ​ estiver ​ ​ com ​ ​ medo ​ ​ suficiente. Assim​ ​como​​ ​moldamos​ ​os​ ​nossos reflexos a partir da imitação​ d​os​ ​reflexos​ ​de​ ​nossos​ ​pais​,​ ​é​ ​buscando​ ​imitar​ ​a​ ​coragem​ ​de​ ​Jesus​ ​que​ ​mudamos​ ​os​ ​nossos reflexos​ ​diante​ ​da​ ​vida.

Coragem,​ ​falta​ ​pouco!

Quando​ caminhamos​ ​com​ ​Jesus,​ ​ele​ ​nos​ ​ensina​ ​a​ ​reagir​ ​como filho ​de​ ​Deus. O​ ​medo​ ​é​ ​o​ ​caminho mais​ ​fácil. Em​ ​menos​ ​de​ ​2​ ​segundos​ ​nossa​ ​mãe​ ​nos​ ​ensina​ ​a caminhar em direção à autopreservação​, ​e​ ​levamos uma vida inteira com Jesus​ ​para sermos​ ​ensinados​ ​a caminhar​ ​ em direção à ​​cruz.

Na​ ​melhor​ ​das​ ​intenções, nossas mães nos ensinam a amar​ ​o​ ​semelhante e ter medo do diferente,​ ​mas Jesus​ ​ensina​ ​a​ ​coragem​ ​de​ ​estender​ ​a​ ​mão​ ​ao​ ​desconhecido.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/jovem/2018/04/11/a-boca-fala-do-que-esta-no-coracao-nossos-reflexos-tambem/

April 13, 2018

A conveniência de se fazer de vítima

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- Francisco Daudt

Yuval Harari, em seu "Homo Deus", diz que, "no passado, a censura funcionava bloqueando o fluxo de informação". "No século 21, ela o faz inundando as pessoas de informação irrelevante. Passamos o tempo debatendo questões secundárias."

Pois me parece muito relevante entender como nossas mentes podem ser manipuladas, nossa capacidade de raciocinar turvada, nossa boa fé ludibriada. Tanto quanto saber detectar vigaristas que usam esses expedientes, para nos defender deles: a democracia precisa do voto consciente.

E meu trabalho de psicanalista é tornar a consciência cada vez mais aguda, em mim mesmo, no consultório ou onde me deem voz. Creio que essa questão não tem nada de secundária.

Dois dos expedientes mais eficazes de manipulação de mentes são fazer drama e criar sentimento de culpa em nós.

Essa manobra não podia nos ser mais familiar, e digo "familiar" stricto sensu, já que muitas mães usaram e abusaram disso para nos conduzir, digamos assim, sempre com a melhor das intenções, claro.

Não é de surpreender que políticos populistas tenham importado o truque para a condução das massas, transformando-as em rebanhos dóceis. Isso me ficou gritantemente claro ao assistir à série "Hitler, o círculo do mal", da Netflix.

Como isso aconteceu no mesmo dia em que vi o Lula discursando antes de ser preso, as semelhanças me assombraram. Senão, vejamos: a atitude messiânica do "Führer" ao discursar, cuidadosamente ensaiada frente ao espelho para transmitir a maior dose de drama possível, aliava-se à estratégia arquitetada pelo gênio da propaganda manipulativa, Joseph Goebbels.


Tomados pelo drama que Hitler encenava em seus discursos, cada vez mais seguidores abdicavam de pensar por conta própria; o grande homem pensava por eles, tudo o que lhes cabia era segui-lo com fervor religioso. Acima do bem e do mal, criticá-lo seria um crime de lesa-pátria: ele já não era mais um homem, "era uma ideia".

Hitler conseguiu polarizar a Alemanha numa espécie de "nós contra eles" sem meio-termo: se você não estiver do nosso lado, então você é do inimigo. De todos era exigida uma adesão incondicional. Suas milícias tinham salvo-conduto para depredar, vandalizar, pichar, desmoralizar, caluniar, espancar qualquer um, ou qualquer coisa, que fosse identificado como sendo parte desse "eles".

Mas, e o sentimento de culpa? Ainda não foi inventado um instrumento de poder que a ele se compare: você pode manter alguém de joelhos sob a mira de um revólver, mas afastada a ameaça, o outro se levantará. Se você conseguir fazê-lo sentir-se culpado, ele lhe rogará para ficar de joelhos.

E a culpa tem dois lados: o do algoz (o culpado) e o da vítima. Hitler se identificava — e identificava seus correligionários — como vítima, e clamava por vingança contra seus algozes.

Na dinâmica do sentimento de culpa, a vítima está automaticamente absolvida, não tem culpa de nada, é um perseguido. E mais, está ungida de uma espécie de nobreza, a nobreza do mártir, aquela que transforma a vítima num santo. Esse é o poder do vitimismo.

Com essas ferramentas de poder, Hitler se elegeu democraticamente na Alemanha. Tomado o poder, aparelhou com nazistas todas as instituições, inclusive o Judiciário, até conseguir o poder absoluto. O resto é história.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/04/francisco-daudt-drama-e-culpa-armas-de-manipular.shtml

April 11, 2018

A fé se revela no amor

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Este é o meu mandamento: Amem-se uns aos outros. [João 15.17]

- Martinho Lutero

Nesta passagem, Cristo repete o mandamento de amar uns aos outros. Pelo amor, os cristãos se mantêm unidos e é o amor a marca dos verdadeiros cristãos. Jesus enfatizou esse mandamento porque sabia quantos falsos cristãos surgiriam – quantos louvariam a fé com palavras bonitas e com um grande espetáculo, mas não viveriam suas palavras.

Assim como o santo nome de Deus é desonrado e usado para o mal e assim como o Cristianismo, a igreja e tudo o que é santo são utilizados de forma errônea e má, assim também a fé, o amor e as boas obras serão utilizados para promover um espetáculo falso e para sustentar máscaras. Pois o Diabo não deseja ser tão assustador como é normalmente pintado, mas, antes, deseja brilhar nas finas roupagens da Palavra de Deus, da igreja cristã, da fé e do amor.

Cristo nos ensina que não é suficiente louvar a fé e a ele mesmo. Precisamos também produzir frutos cristãos. Pois onde esses frutos não forem evidentes, ou onde aparecer o oposto dos frutos, Cristo certamente não estará presente. Nesse caso, existirá apenas um falso nome. Essa é a razão pela qual devemos dizer a esses tipos de pessoas: “Eu ouço esse nome lindo e glorioso, que é nobre e digno de honra.

Mas e quanto a você?”. Da mesma forma o espírito maligno disse aos filhos de Ceva: “Jesus, eu conheço, Paulo, eu sei quem é; mas vocês, quem são?” (At 19.15). No entanto, alguns poderão questionar: “Não é a fé que nos justifica e nos salva, e não as obras?”. Sim, isso é verdade. Mas onde está a sua fé? Como ela é demonstrada?

A fé nunca deve ser inútil, surda, morta ou decadente. Antes, deve ser uma árvore viva e cheia de frutos. Essa é a diferença entre a fé genuína e a fé falsa. Se existe a fé verdadeira, ela se mostrará na vida da pessoa.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/blogdaultimato/2017/08/01/a-fe-se-revela-no-amor/

April 10, 2018

Sinais de vida

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- Isabelle Ludovico

A igreja evangélica precisa de uma nova reforma. Ela acabou incorporando as práticas denunciadas por Lutero; explora a fé do povo, tem seus papas e pompas, tem um discurso divorciado da prática, perdeu o temor do Senhor

Um sintoma desse descaminho é que ela elege como referência e exalta os pastores e líderes carismáticos que ostentam diplomas, escrevem livros, são vistos na televisão e prometem bênçãos para aqueles que contribuem financeiramente com eles. Os evangélicos já não se quebrantam; tornam-se juízes, vivendo em guetos e olhando para fora com ar de superioridade e atitudes de donos da verdade. Assim, o maior pecado da Igreja hoje é o orgulho espiritual, que impede a ação do Espírito Santo

É urgente olharmos para a cruz e percebermos que não merecemos a salvaçãoConverter-se significa experimentar uma mudança de olhar que coloca de cabeça para baixo nossos valores materialistas e nos leva a uma transformação em sintonia com as virtudes apresentadas por Jesus no Sermão do Monte. Um sinal dessa mudança é a humildade que desperta em nós o desejo de servir, como expressão do nosso amor a Deus

Assim, em vez de ídolos ricos e famosos, passaremos a valorizar os pobres e anônimos que vivem os valores do reino de Deus. Estaremos atentos ao ensino que não provém de um discurso bem articulado, mas de uma vida dedicada a Deus. Buscaremos a direção espiritual de pessoas humildes que vivem de forma coerente com o evangelho. Teremos o cuidado de honrar aqueles que transformam a Palavra em gestos simples do cotidiano. Desejaremos a companhia dos santos descalços, marginalizados, identificados com os pobres e engajados na promoção da dignidade humana e da justiça social. 

Como dona Maria, faxineira, mãe de três filhos, que acolhe as pessoas como as duas crianças abandonadas em sua porta. Ou Goreth que deixa sua pequena confecção caseira uma tarde por semana para visitar os presidiários. Aprendo com Sergio que transformou sua experiência de portador do HIV em acolhimento de crianças e adultos também contaminados. E Samantha, missionária inglesa que deixou o aconchego de sua casa e amigos para servir como voluntária numa ONG que busca comercializar os produtos confeccionados por pessoas à margem do sistema econômico, de modo a garantir-lhes sustento e dignidade. Tem também Tonica, missionária da ABU que compartilhou as condições de vida dos angolanos nos piores momentos da guerra, pregando e vivendo o evangelho num contexto de vulnerabilidade. 

Olhando essas expressões do amor de Deus encarnado na vida de irmãos e irmãs, me sinto constrangida a converter mais um pouco; a confessar meu apego ao conforto material, à visibilidade, ao reconhecimento público. 

Nascer de novo significa reconstruir nossa identidade no privilégio de sermos filhos de Deus, não por merecê-lo, mas por Sua graça incondicional. Significa colocar-nos aos pés de Cristo, a serviço do Senhor, e despojar dos títulos e bens que garantem uma falsa segurança para nos entregar à direção do Espírito. 

O medo, sentido também pelo jovem rico, é relativizado pelo brilho que encontro nos olhos daqueles que já deram esse passo e experimentam a alegria indizível de ser parte do Corpo de Cristo.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/301/pobres-e-anonimos-que-nos-precedem-no-reino-dos-ceus 

April 09, 2018

Entre o visível e o invisível

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- Ricardo Barbosa

A experiência cristã é vivida dentro de diferentes paradoxos. Por exemplo: por um lado, quando vemos a exuberância da natureza e testemunhamos gestos de justiça, bondade e misericórdia, reconhecemos a beleza do mundo e vemos nele a glória de Deus. Por outro, e ao mesmo tempo, vivemos num mundo terrivelmente feio, cheio de violência, injustiça e descaso para com a criação.

O apóstolo Paulo nos oferece uma estrutura espiritual para lidar com esses paradoxos. Ele sempre teve de enfrentar o lado sombrio e feio do mundo. Foi perseguido, açoitado, insultado, preso, mas não se deixou dominar por sentimentos de mágoa, revolta e desânimo. Diante das perplexidades do sofrimento, ele testemunha: “Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia” (2Co 4.16). Os problemas eram reais. Seu corpo sentia os desgastes do sofrimento. 

Porém, mesmo diante de uma realidade tão dura e cruel, ele não desanimava e não se deixava abater. Por quê? Aqui ele nos oferece a base dessa estrutura espiritual: “Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (2Co 4.18). A base desta estrutura espiritual é a imaginação, que, inspirada por Deus, permite a visão das realidades não visíveis.

A vida cristã é vivida dentro de um mundo que é extraordinariamente belo e terrivelmente feio. O joio e o trigo encontram-se presentes no mesmo campo. A realidade visível da política, da economia, do mercado e da religião convive com a realidade não visível do reino de Deus e do governo de Cristo. A injustiça humana atua no mesmo espaço que a justiça divina. A Babilônia encontra-se no mesmo território da Nova Jerusalém. A prostituta e a noiva representam duas realidades distintas, mas no mesmo cenário.

O livro do Apocalipse é um destes textos que nos convidam à imaginação. De um lado encontramos o Império Romano com seu poder e brutalidade. No exílio, o poder de César está dizendo a João quem é que manda. Do outro lado, em sua visão na ilha de Patmos, João contempla o Cordeiro de Deus, o Leão da Tribo de Judá, em seu trono majestoso, que venceu e reina pelos séculos dos séculos.

A estrutura espiritual básica para viver a experiência cristã dentro dos diferentes paradoxos é prestar atenção nas realidades não visíveis. Esta é a atitude básica de Paulo quando escolhe prestar atenção “nas coisas que se não veem”. É a atitude básica de João quando ora e Deus lhe dá uma visão das realidades não visíveis do reino de Deus.

A linguagem bíblica é cheia de imagens. Em suas notas sobre “Vida de Oração”, de Teresa de Ávila, James Houston afirma: “As imagens são a linguagem da alma”. Elas afetam profundamente nossa experiência de oração e criam inúmeras possibilidades para a compreensão do amor, cuidado e justiça de Deus. Paulo vive num mundo dominado por poderes contrários ao reino de Deus. Porém, ele reconhece que o tesouro que carrega está em vasos de barro. O mundo em que Paulo vivia valorizava aquilo que era exterior. Paulo, o interior. O mundo prestava atenção no que era visível. Paulo, no invisível.

Como então encher o mundo com a glória de Deus? 

Jesus nos oferece uma pista: sal e luz. “Para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus” (Mt 5.16b). Ser sal e luz é ser uma presença preservadora e reveladora no mundo. É isto que o sal e a luz fazem. 

Fazemos isto criativamente quando usamos os dons, talentos e habilidades que Deus nos deu para contribuir com um mundo mais belo e harmonioso. Fazemos isto quando, em vez de usar a criação para nossa vaidade, preservamo-la para o propósito do Criador. Fazemos isto quando nossos relacionamentos tornam-se expressivos do amor altruísta e sacrificial de Deus pelo ser humano. Fazemos isto quando contribuímos para que o mundo reconheça que Jesus é o Salvador e Senhor de toda a criação.

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/343/entre-o-visivel-e-o-invisivel
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April 08, 2018

Sobre beleza e dor

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- Paulo Brabo

Rigorosamente a cada dia cresce a minha convicção de que, ao contrário do que parece sugerir a nossa intuição, a beleza não é incompatível com a dor. 

Todas as narrativas ensinam e todas as narrativas parecem existir para demonstrar que uma coisa não existe sem a outra. 

A minha história é consistente testemunha disso e por certo a de todos.

Concluo que, havendo um céu, será inevitavelmente belo, e não poderá portanto prescindir de alguma parcela de dor. 

O final feliz não deve abrir mão de todas as alegrias possíveis especialmente das maiores em que entranham-se medidas irreconhecíveis, inextrincáveis e imponderáveis de uma coisa e outra. 

A bem-aventurança não será completa sem o fio da navalha, sem a cicatriz; a beleza não será completa sem a dura lembrança e a aterrorizante possibilidade da dor.

Fonte: http://www.baciadasalmas.com/sobre-beleza-e-dor/

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April 07, 2018

Para cantar com graça no coração

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Texto básico: Salmos 13.1-6

Leitura diária
D Sl 108.1-13 Firmeza alegre de propósito
S Sl 50.1-23 O culto que glorifica a Deus
T Sl 96.1-13 Um cântico que se renova
Q Sl 122.1-9 Alegria pela Casa do Senhor
Q Tg 5.12-20 Uma expressão de alegria
S Fp 4.1-23 A alegria contagiante do Senhor
S Sl 28.1-9 O meu coração exulta em louvor

Introdução

O júbilo começa no coração. A nossa sen­sibilidade para com a grandiosidade do culto a Deus só pode ser originada e cultivada pela Palavra de Deus. “A pregação determina o foco e profundidade da adoração” (Horton). O nosso culto, portanto, é determinado basi­camente pelo conhecimento e pela prática da Palavra. O nosso louvor é a expressão de um coração alegre diante de Deus: o júbilo começa no coração e os lábios apenas o expressam.

O nosso culto começa por uma vida de obediência com um coração sincero. O ato público de adoração é a complementação in­dispensável de nosso culto cotidiano a Deus. “Porquanto Deus preceitua, em primeiro lugar, que o adoremos interiormente, e em seguida também verbalizemos uma profissão de fé externa. O principal altar, no qual Deus é adorado, deve estar situado dentro de nós, pois Deus é adorado espiritualmente através da fé, de orações e de outros ofícios de piedade. A confissão externa deve ser forçosamente acrescentada, não só para que nos exercitemos na adoração a Deus, mas também para que nos ofereçamos inteiramente a ele, tanto no corpo quanto na mente, assim como Paulo preceitua (1Co 7.34; 1Ts 5.23) – em suma, para que ele nos possua inteiramente” (Calvino).

Deste modo, devemos entender que o louvor alegre é um aprendizado da fé em submissão à Palavra. 

I. Os cânticos refletem nossa experiência com Deus

É natural e até desejável que usemos de nossos talentos para servir a Deus com novas composições que reflitam a nossa fé decorren­te da Palavra. Como a vida cristã é dinâmica, é natural que isto se manifeste também em nossa música. Lloyd-Jones está correto ao enfatizar: “O canto cristão não deve ser uma repetição enfadonha”. Portanto, a nossa fé, por proceder da Palavra, deve ser orientada pela Palavra em nossas experiências cotidia­nas. O Livro de Salmos se constitui em um modelo majestoso e singular deste emprego. No entanto, a novidade do que cantamos não estará circunscrita à data da composição ou à atualidade do ritmo, mas sim à forma como cantamos: Com “graça no coração”. Agostinho (354-430) colocou esta questão em termos belos: “Quem canta com parcia­lidade, canta canções antigas; qualquer de seus cânticos é velho, é o velho homem que canta. Está dividido, é carnal. Certamente, enquanto é carnal é velho, e à medida em que é espiritual, é novo”. Devemos cantar ao Senhor com novidade de vida e integridade; somente assim cantaremos um “cântico novo” (Sl 96.1; 98.1; Is 42.10).

Os cânticos devem ser a expressão de uma experiência com Deus, “porque é certo que jamais agradarão a Deus os louvores que não procedam desta fonte de amor” (Calvino). É natural que, com o tempo, os hinos passem a fazer parte de nossa história de vida: Eles, sem dúvida, retratam verdades bíblicas; contudo, estas verdades, cridas por nós, assumem um significado subjetivo quando são vivenciadas, muitas vezes – ainda que não exclusivamen­te –, em nossas crises, angústias e mesmo júbilo. Assim como há textos marcantes das Escrituras que falam de modo especial à nossa experiência de vida, há hinos que realçam momentos de nossa comunhão com Deus e, também, às vezes a dura realidade cotidiana. Se vocês pararem por um instante para refletir sobre isso certamente se lembrarão de hinos que estiveram associados à sua conversão, a momentos alegres e dolorosos, à determinadas épocas de sua vida. Obviamente, a nossa experiência não esgota o sentido dos hinos, mas, sem dúvida, elas resignificam a mensagem. De passagem, podemos entender também, que a letra que cantamos é funda­mental na compreensão, fixação e expressão do nosso louvor.

Lloyd-Jones, fazendo eco a Agostinho e a Calvino, acentua: “Sempre nos compete lembrar de que não devemos concentrar-nos só em cantar a melodia. No momento em que fazemos isso, já nos afastamos da instrução do apóstolo [Ef 5.19]. As palavras vêm em pri­meiro lugar – elas são mais importantes que a melodia. Naturalmente, as palavras e a melodia devem vir juntas, consorciadas e fundidas para darem expressão ao nosso louvor. Mas não há nada que seja tão fatal como entoar a melodia somente, sem dar atenção às palavras”.

O meditar nos feitos de Deus é um imperativo ao louvor. O salmista louva a Deus considerando o seu livramento (cf. Sl 28.6-7). “Quando Deus esparge alegria em nossos corações, o resultado deve ser que nossos lábios se abram para entoar seus louvores” (Calvino). “Quanto mais atenta e diligentemente os crentes consideram as obras de Deus, mais eles se aplicarão aos seus louvores” (Calvino). 

II. O cantar está associado à nossa fé “em busca de compreensão”

O nosso louvor está também associado à nossa fé. Davi, angustiado, fugindo de uma perseguição implacável de Saul, assim mesmo vislumbrava alegremente o seu salvamento: “Regozije-se o meu coração no teu salvamen­to” (Sl 13.5). O curioso é que o salmista, além de olhar para o futuro, não perde o contato com a realidade presente, enxergando que, apesar de todas as suas dificuldades, Deus lhe tem feito muito bem (Sl 13.6).

No v. 3, ele pede a Deus: “Ilumina-me os olhos” . Iluminar os olhos, no idioma hebrai­co, significa o mesmo que soprar o fôlego de vida, porquanto o vigor de vida transparece principalmente nos olhos” (Calvino).

Analisando de outra perspectiva, muitas vezes o que de fato necessitamos é ter os olhos iluminados para poder enxergar a situação com mais clareza. Aqui, o salmista pede a Deus que ilumine para que ele, tomando alento, possa ver as coisas com maior discernimento, já que, no momento, a realidade parecia-lhe extremamente aflitiva e tenebrosa.

Somente Deus, por sua graça, pode iluminar os nossos olhos para que vejamos os seus feitos em nossa vida e, assim, nos alegremos na esperança (Rm 12.12). “É possível que não vivamos totalmente livres do sofrimento, não obstante é necessário que essa fé regozijante se erga acima dele e nossa boca se abra em cântico por conta da alegria que está reservada para nós no futuro, embora ainda não seja experimentada por nós….” (Calvino). Deste modo, o salmo, que começa com perguntas angustiantes e dolorosas (Sl 13.1-2), termina com um cântico de confiante fé e alegria radiante. O seu desânimo transforma-se em alegre confiança. Tendo os olhos iluminados, conforme pediu a Deus, pôde ver com mais clareza as bênçãos de Deus; por isso diz: “[Deus] me tem feito muito bem” (Sl 13.6).

Assim, assume o compromisso: “Cantarei ao Senhor” (Sl 13.6). “… Davi, ao apressar-se com prontidão de alma a cantar os benefícios divinos, mesmo antes que os houvesse rece­bido, coloca o livramento, que aparentemente estava então distante, imediatamente diante de seus olhos” (Calvino). A alegria do salmista se manifesta em cântico. Mas o cantar não é uma simples terapia, antes, a expressão de uma alma confiante e agradecida. Daí, seguindo a linha de Agostinho e Calvino, é que para nós reformados o que cantamos assume a preponderância em nosso louvor. Devemos fazer com sinceridade, integridade de coração, expressando o que aprendemos biblicamente e, que, pelo Espírito, faz parte de nossa fé. “Nosso louvor só pode ser aprovado verdade” (Calvino).

Nesta mesma tradição litúrgica, acentua Lloyd-Jones: “Sempre nos compete lembrar de que não devemos concentrar-nos só em cantar a melodia. No momento em que fa­zemos isso, já nos afastamos da instrução do apóstolo. As palavras vêm em primeiro lugar – elas são mais importantes que a melodia. Naturalmente, as palavras e a melodia devem vir juntas, consorciadas e fundidas para darem expressão ao nosso louvor. Mas não há nada que seja tão fatal como entoar a melodia so­mente, sem dar atenção às palavras”.

Davi ainda não pôde enxergar completa­mente o livramento futuro, no entanto, confia em Deus, por isso, louva a ele firmado na fé que vê o invisível (cf. Hb 11.1).

Aqui ele pode dizer como no salmo 116: “Volta, minha alma ao teu sossego, pois o Senhor tem sido generoso para contigo” (Sl 116.7).

Deste modo, o nosso louvor é um tes­temunho de nossa confiança no cuidado providente de Deus. Este discernimento só é possível por intermédio da Palavra. Uma esperança fundamentada simplesmente em otimismos resultantes de um “pensar positi­vo” pode, quando muito, dar uma sensação momentânea de alívio, contudo, não muda a realidade dos fatos. Deus, no entanto, nos convida a um exame de sua Palavra; nela temos os seus ensinamentos e promessas que, de fato, podem iluminar os nossos olhos, apontando e nos capacitando a seguir o seu caminho.

A Palavra de Deus nos dá discernimento com clareza: “A revelação das tuas palavras esclarece e dá entendimento aos simples (tolo, “mente aberta”, imaturo)” (Sl 119.130).

A Palavra nos conduz à maturidade, ao discernimento para que não mais tenhamos uma “mente aberta”, sendo suscetível a todo tipo de sedução e engano não percebendo as armadilhas e contradições do seu mosaico inconsistente de pensamento. Deus deseja que exercitemos o senso crítico (Pv 1.4; 14.15), deixando a paixão pela “necedade” (Pv 1.22), nos apegando às suas promessas.

Somente a Palavra de Deus pode transmitir a alegria real e duradoura ao nosso coração. Ela dispersa as nuvens de incertezas e contradições de uma sociedade pervertida, mostrando-nos os verdadeiros valores (Sl 119.105).

O salmo que começa com perguntas angus­tiantes e dolorosas, termina com um cântico de certeza de fé e alegria radiante. Aparentemente a sua situação não mudou, contudo, ele obteve outra perspectiva, a sabedoria divina que o permitiu se alegrar em Deus. A visão anteci­pada da manifestação da graça é graça. 

Conclusão

O Diretório de Culto de Westminster (1645) orienta: “É dever dos cristãos louvar a Deus publicamente cantando salmos juntos na igreja, e também em particular, na família.

“Ao cantar os salmos, a voz deverá ser afinada e ordenada com seriedade; mas o cuidado maior precisa ser o de cantar com o entendimento e com graça no coração, erguendo melodias ao Senhor”.

Devemos, portanto, cantar com sincerida­de, meditando naquilo que cantamos como expressão de nossa fé, com integridade e mo­deração. Os cânticos são didáticos; por meio deles aprendemos as Escrituras, expressamos a nossa fé e, eles também nos ajudam a fixar os ensinamentos bíblicos. Os cânticos que não nos conduzem à Palavra, por mais emocionan­tes, “alegres”, cativantes e contagiantes que sejam, não edificam. Precisamos ter sempre diante de nós o fato insubstituível de que é impossível ser edificado espiritualmente fora da Palavra. As Escrituras devem ser sempre o critério aferidor de todas as nossas experiências, emoções e gosto. Insistimos: fora da Palavra não há edificação, nem crescimento espiritual. Deus não requer de nós simples­mente criatividade; ele requer fidelidade. 

Aplicação

Nossa experiência e o conhecimento de Deus costumam estar presentes em nossos cânticos? O que pode ser feito para que eles sejam ade­quados ao ensino da Palavra de Deus?

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/igreja/para-cantar-com-graca-no-coracao/

PS- Para ouvir a trilha do dia, vai lá: https://www.youtube.com/watch?v=Z8c0yJRuPCI
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April 06, 2018

União com Cristo

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- Ricardo Barbosa

O reformador João Calvino, nas suas “Institutas da Religião Cristã”, apresenta, entre outros, um tema caro e central para a espiritualidade cristã: a união com Cristo. Ele afirma: “Portanto, para que nos transfira os benefícios que ele recebeu do Pai, é necessário que ele se faça nosso e habite em nós”. Temos nesta afirmação de Calvino duas grandes verdades espirituais: a primeira diz respeito a receber todos os benefícios que Cristo recebeu do Pai; a segunda envolve a habitação de Cristo em nós.

Deixe-me começar pela segunda afirmação. Os capítulos 13 a 17 do Evangelho de João são conhecidos como “a conversa no Cenáculo”. Nesta conversa, Filipe pergunta: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta” (14.8). A resposta de Jesus é a chave para entender o princípio da união com ele: “Quem me vê a mim vê o Pai” (14.9). Jesus segue explicando a Filipe que ele está no Pai e o Pai está nele, porque as palavras do Pai são as palavras do Filho e as obras que este faz são as mesmas obras do Pai. Por isso, quem vê o Filho, vê o Pai. A mesma palavra é o princípio que revela a união eterna do Pai com o Filho.

Este mesmo relacionamento que o Filho tem com o Pai e o Pai, com o Filho é estendido aos discípulos: “Naquele dia, vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós” (14.20). De que forma isso é possível? Jesus responde: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (14.23). O princípio é o mesmo: a palavra. O Filho eterno vive e age pela palavra do Pai. Os discípulos guardam a palavra do Filho e por ela vivem, e, por meio da palavra, o Pai e o Filho fazem sua habitação em nós; dessa forma, participamos da comunhão divina. Permanecemos em Cristo somente quando permanecemos na palavra. Quando nossa mente, nossos desejos e vontades forem moldados pela palavra de Cristo, viveremos como Cristo e a vontade de Deus será a nossa vontade, os desejos de Deus, os nossos desejos, e, assim, teremos o que Paulo chama de “a mente de Cristo”.

Deixe-me considerar agora a primeira parte da afirmação de Calvino: “Para que nos transfira os benefícios que ele recebeu do Pai”. O reformador reconhece que a vida, crucificação, ressurreição e ascensão de Jesus nos concederam os mesmos benefícios que o Filho Eterno recebeu do Pai. Veja o que Jesus afirma aos seus discípulos: “Aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará porque eu vou para junto do Pai” (14.12). E mais: “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (15.5). Como é possível para nós, discípulos de Cristo, fazer o que ele fez e, até mesmo, coisas maiores? O que significam estes frutos que só podem ser produzidos por meio de Cristo? São estes os benefícios que Cristo recebeu do Pai e que são transferidos a nós em nossa união com ele.

Jesus promete o Consolador, o Espírito Santo. Se, por um lado, nossa união com Cristo existe por causa da palavra, por outro, a presença e o poder da palavra só são reais pela ação do Espírito. O Espírito Santo é o Espírito da verdade, que irá nos conduzir “a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido […] Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (16.13-14). O Espírito Santo vem da parte de Deus para tornar essa união possível e real. Da mesma forma que o Filho não tem uma palavra que seja sua -- ele fala daquilo que ouve do Pai --, o Espírito, também, transmite o que o Filho nos ensinou e nos ajuda a guardar a palavra do Filho, assim como o Filho guarda a palavra do Pai.

Para participar da união com Cristo precisamos da Palavra e do Espírito. Não se trata apenas do conhecimento intelectual da Palavra de Deus, mas da habitação real dela em nós, e isso é realizado pelo Espírito Santo. Dessa forma, como afirma Calvino, os benefícios que o Filho recebeu do Pai tornam-se nossos. Calvino expressa da seguinte maneira essa realidade: “Portanto, a íntima ligação da Cabeça e membros, a habitação de Cristo em nosso coração - a união mística - estão em harmonia conosco em elevado grau de importância; assim, pois, Cristo, tendo sido feito nosso, torna-nos participantes com ele nos dons, nos quais ele está dotado” (“Institutas”).

Fonte: http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/366/uniao-com-cristo

April 05, 2018

Filho ou escravo?

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A.    Gálatas 3: 26 -4:7

26 Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus,
27 pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram.
28 Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.
29 E, se vocês são de Cristo, são descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa.
1 Digo porém que, enquanto o herdeiro é menor de idade, em nada difere de um escravo, embora seja dono de tudo.
2 No entanto, ele está sujeito a guardiães e administradores até o tempo determinado por seu pai.
3 Assim também nós, quando éramos menores, estávamos escravizados aos princípios elementares do mundo.
4 Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei,
5 a fim de redimir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a adoção de filhos.
6 E, porque vocês são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho aos seus corações, o qual clama: "Aba, Pai".
7 Assim, você já não é mais escravo, mas filho; e, por ser filho, Deus também o tornou herdeiro.

B. Comentários

vv. 25-29. Nosso relacionamento com Deus não se fundamenta nas leis que devemos guardar, mas nas promessas feitas a Abrão de ser uma benção para toda a humanidade por meio de seu descendente Jesus Cristo. A lei mostra que somos pecadores, que merecemos o castigo e que temos necessidade de um Salvador. Obedecer à lei não é a solução para o problema do pecado; a lei é o instrumento que revela o problema de pecado. Ninguém é capaz de obedecer fiel e totalmente a ela. Apesar de nossa impotência, Deus deseja nos abençoar quando confiamos nas Suas promessas e não quando agimos de acordo suas normas perfeitas. Saber que Deus nos ama o suficiente para pagar pelos nossos pecados pode nos ajudar a ser mais corajosos no momento de fazer nosso inventário moral. Quando confessamos a Deus as nossas faltas, Ele nos liberta do poder destrutivo do pecado. Quando entregamos nossa vida a Deus por meio de Jesus Cristo, nos tornamos Seus filhos e assim passamos a ter um lugar na família de Deus. Ele tem um plano para cada um de nós e como qualquer pai, quer que tenhamos êxito. Ter fé em Cristo é tudo o que necessitamos para fazer parte dessa privilegiada posição.

vv. 25-29. O papel da Lei terminou com a chegada de Cristo. Pela fé nEle e no batismo, os homens se revestem de Cristo, isto é, são transformados para se tornarem imagem dEle e manifestar suas qualidades (cf. Cl 3: 10-17). Em Cristo os homens ficam libertos de qualquer lei ou diferença que possa privilegiar uns e marginalizar outros.

v. 28. Diferença entre raças, nacionalidades, posição social e gênero.

v. 2. a lei nos orientava como nosso paidagogos (orientador de criança). É um escravo de confiança nas famílias antigas das classes mais ricas que levava as crianças da família à escola e para a escola. Ele tinha esta supervisão sobre as crianças entre as idades de 7 a 17 anos e as reguardava da sociedade má e das influencias imorais. A função da lei termina quando nos conduz a Cristo e nos deixa entregues em Suas mãos não meramente para receber instruções, mas acima de tudo para recebermos redenção que inclui completa filiação.

v. 3. princípios elementares: rudimentos de certos hereges parece ser contrastado com todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento que se encontram em Cristo (Cl 2: 3). As nações pagãs estavam na categoria mais baixa e o ensino desfrutado pelos judeus era apenas rudimentar em comparação com a revelação outorgada em Cristo.

v. 6. Aba é um termo aramaico e Pai é a tradução da palavra grega Pater. Este termo foi usado primeiramente pelo Senhor Jesus no Getsêmani enquanto orava (Mc 14: 36). A combinação do titulo aramaico com o titulo grego expressa um afeto mais forte ao clamar ao Pai. Este clamor afetivo implica um relacionamento íntimo em vida entre um filho genuíno e o pai que o gerou.

v. 7. Alguém maior de idade segundo a lei romana está qualificado a herdar os bens do pai.

vv. 1-11. Paulo coloca no mesmo plano os ritos religiosos pagãos e judaicos. Se os gálatas se submeterem aos costumes judaicos, estarão convivendo com a mesma vida pagã de outrora, submissos e escravos de outras criaturas. O homem de fé deve depender unicamente do seu Criador de quem se tornou filho, graças a Cristo (Rm 8: 14-17).

C. Estudo

26 Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus,
27 pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram.

1. O que significa ser batizado em Cristo (Rm 6:4), nascer de novo (Jo 3: 6-8) e revestido de Cristo (Cl 3: 12-17)?
2. Compartilhe o que sentiu no dia em você recebeu Jesus Cristo como Senhor e Salvador da sua vida.

28 Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus.
29 E, se vocês são de Cristo, são descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa.

3. Na família de Deus, devemos nos preocupar com convenções (1 Sm 16: 7 e Cl 3: 10-17)?
4. Compartilhe o impacto das promessas de Deus em sua vida (como tem vivido, quais suas perspectivas).

1 Digo porém que, enquanto o herdeiro é menor de idade, em nada difere de um escravo, embora seja dono de tudo.
2 No entanto, ele está sujeito a guardiães e administradores até o tempo determinado por seu pai.
3 Assim também nós, quando éramos menores, estávamos escravizados aos princípios elementares do mundo.

5. Qual é a função do tutor até a criança atingir a maturidade (Gl 3: 23-24)?
6. Compartilhe em qual estágio você acha que está na fé (infância, adolescência, juventude, maturidade).

4 Mas, quando chegou a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei,
5 a fim de redimir os que estavam sob a lei, para que recebêssemos a adoção de filhos.
6 E, porque vocês são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho aos seus corações, o qual clama: "Aba, Pai".

     7. Qual a implicação da vinda de Cristo em nosso relacionamento com Deus (Jo 3: 16 e Rm 8: 13-17)?
     8. Compartilhe como tem sido o seu relacionamento com Deus (íntimo, próximo, frio ou distante por medo) e reflita se tem feito transferência do relacionamento que teve com o seu pai terreno.

7 Assim, você já não é mais escravo, mas filho; e, por ser filho, Deus também o tornou herdeiro.

9.  Em sua jornada espiritual, você se sente mais escravo ou filho?
10. A identidade em Cristo
  •     Eu não sou o grande "EU SOU" (Êx 3.14; Jo 8.24, 28, 58), mas pela graça de Deus sou o que sou (1 Co 15.10).
  •     Eu sou o sal da terra (Mt 5.13).
  •     Eu sou a luz do mundo (Mt 5.14).
  •     Eu sou um filho de Deus (Jo 1.12).
  •     Eu sou parte da verdadeira videira, um canal da vida de Cristo (Jo 15.1,5).
  •     Eu sou amigo de Cristo (Jo 15.15).
  •     Eu fui escolhido e nomeado por Cristo para dar Seus frutos (Jo 15.16).
  •     Eu sou um servo da justiça (Rm 6.18).
  •     Eu sou um servo de Deus (Rm 6.22).
  •     Eu sou um filho de Deus; Deus é meu Pai espiritual (Rm 8.14, 15; Gl 3.26; 4.6).
  •     Eu sou um co-herdeiro com  Cristo, partilhando  sua herança (Rm 8.17).
  •    Eu sou um templo, uma habitação, de Deus. O Espírito e a vida de Deus moram em mim (1 Co 3.16; 6.19).
  •     Eu estou unido ao Senhor e  sou um só espírito com Ele (1 Co 6.17).
  •     Eu sou um membro do corpo de Cristo (1 Co 12.27; Ef 5.30).
  •     Eu sou uma nova criação (2 Co 5.17).
  •     Eu fui reconciliado com Deus e sou um ministro da reconciliação (2 Co 5.18, 19).
  •     Eu sou um filho de Deus, um com toda Sua família (Gl 3.26, 28).
  •     Eu sou um herdeiro de Deus, visto que sou um filho de Deus (Gl 4.6, 7).
  •     Eu sou um santo (Ef 1.1; 1 Co 1.2; Fp 1.1; Cl 1.2).
  •    Eu sou feitura de Deus, obra de suas mãos, nascido de novo em Cristo para fazer sua obra (Ef 2.10). 
  •     Eu sou um concidadão com os demais membros da família de Deus (Ef 2.19).
  •     Eu sou um prisioneiro de Cristo (Ef 3.1; 4.1).
  •     Eu sou justo e santo (Ef 4.24).
  •     Eu sou um cidadão dos céus, assentado no céu agora mesmo (Fp 3.20; Ef 2.6).
  •     Eu estou escondido com Cristo em Deus (Cl 3.3).
  •     Eu sou uma expressão da vida de Cristo, porque Ele é a minha vida (Cl 3.4).
  •     Eu sou um escolhido de Deus, santo e amado de Deus (Cl 3.12; 1 Ts 1. 4).
  •     Eu sou um filho da Luz e não das Trevas (1 Ts 5.5).
  •     Eu sou um participante da vocação celestial (Hb 3.1).
  •     Eu sou um participante de Cristo; eu participo da vida de Cristo (Hb 3.14).
  •     Eu sou uma das pedras vivas de Deus, fui edificado em Cristo e sou uma casa espiritual (1 Pe 2.5).
  •    Eu sou um membro da raça escolhida, do sacerdócio real, da nação  santa,  do  povo  que com possessão  do  próprio  Deus (1 Pe 2.9, 10).
  •     Eu    sou    um    estrangeiro    neste    mundo    em    que    vivo temporariamente (1 Pe 2.11).
  •     Eu sou um inimigo do diabo (1 Pe 5.8).
  •     Eu sou um filho de Deus e me parecerei com Cristo quando Ele voltar (1 Jo 3.1,2).
  •     Eu sou nascido de Deus, e o maligno, o diabo, não pode tocar-me (1 Jo 5.18).
Visto Que Estou Em Cristo, Pela Graça De Deus:
  •     Eu fui justificado, totalmente perdoado e feito justo (Rm 5.1).
  •     Eu morri com Cristo e morri para o poder do pecado, que não mais exerce autoridade sobre minha vida (Rm 6.1-6).
  •     Eu estou livre da condenação, eternamente (Rm 8.1).
  •     Eu fui colocado em Cristo pela mão de Deus (1 Co 1.30),
  •   Eu recebi o Espírito de Deus em minha vida, para que eu possa conhecer as coisas que graciosamente me foram dadas por Deus(l Co 2.12).
  •     Eu recebi a mente de Cristo (1 Co 2.16).
  •     Eu fui comprado por um preço; eu não me pertenço; eu pertenço a Deus (1 Co 6.19, 20).
  •     Eu fui estabelecido, ungido e selado por Deus em Cristo e recebi o Espírito Santo, como sinal que garante minha herança vindoura (2 Co 1.21; Ef 1.13, 14).
  •     Visto que eu morri, já não vivo mais para mim mesmo, mas para Cristo (2 Co 5.14, 15).
  •     Eu fui feito justo (2 Co 5.21).
  •     Eu fui criado com Cristo e não vivo mais, mas Cristo vive em mim. A vida que estou vivendo agora é a vida de Cristo (Gl 2.20).
  •     Eu fui abençoado com todas as bênçãos espirituais (Ef 1.3).
  •     Eu fui escolhido em Cristo antes da fundação do mundo para ser santo e não tenho culpa diante do Senhor (Ef 1.4).
  •     Eu fui predestinado, predeterminado por Deus, para ser adotado como filho de Deus (Ef 1.5).
  •     Eu fui redimido e perdoado e recebo a graça abundante do Senhor (Ef 1.6-8).
  •     Eu fui feito vivo junto com Cristo (Ef 2.5).
  •     Eu ressuscitei e me assentei com Cristo no céu (Ef 2.6)
  •     Eu tenho acesso direto a Deus, mediante o Espírito (Ef 2.18).
  •     Eu posso aproximar-me de Deus com ousadia, liberdade e confiança (Ef 3.12).
  •     Eu fui liberto do domínio de Satanás e transferido para o reino de Cristo (Cl 1.13).
  •     Eu fui redimido e perdoado de todos os meus pecados. Meu débito foi cancelado (Cl 1.14).
  •     O Senhor Jesus Cristo vive em mim (Cl 1.27).
  •     Eu estou firmemente enraizado em Cristo e nEle estou sendo edificado (Cl 2.7).
  •     Eu fui feito completo, em Cristo (Cl 2.10).
  •     Eu fui sepultado, ressurgi e agora vivo com Cristo (Cl 2.12, 13).
  •    Eu morri com Cristo e ressurgi com Cristo. Minha vida está escondida com Cristo, em Deus. Agora, Cristo é a minha vida (Cl 3.1-4).
  •     Eu recebi um Espírito de poder, de amor e de auto disciplina (2 Tm 1.7).
  •     Eu fui salvo e separado, de acordo com a vontade de Deus (2 Tm 1.9; Tt 3.5).
  •     Visto que eu estou santificado e feito um com quem me santificou, o Senhor não se envergonha de chamar-me de Seu irmão (Hb 2.11).
  •   Eu tenho o direito de achegar-me ousadamente diante do trono de Deus, a fim de receber misericórdia, e encontrar graça que me ajude em tempos de necessidade (Hb 4.16).
  •    Eu recebi promessas preciosas e magníficas da parte de Deus, mediante as quais eu me tornei participante da natureza divina do próprio Senhor (2 Pe 1.4).
D. Conclusão

Abra os seus olhos e não caia na armadilha de fazer (escravo ou servo) ao invés de ser filho de Deus. Qualquer coisa que fizermos NUNCA será suficiente para garantir a salvação.

O problema nunca está na sinceridade do nosso coração em querer fazer as coisas certas e dar o nosso melhor, mas quando passamos a confiar mais nos rituais (controle, independência) do que na graça de Jesus.

Só por meio do sangue de Jesus e pelo poder do Espírito Santo (que sopra para onde quer) que conseguiremos viver a boa, agradável e perfeita vontade do Pai.

Fontes:
- A Bíblia em ordem cronológica (NVI), Editora Vida, 2003.
- Bíblia Vida Nova. Sociedade Bíblica do Brasil, 1995.
- Bíblia de estudo Aplicação Pessoal RC. CPAD, 2004.
- Bíblia de Estudo do Discipulado - Novo Testamento RA. Sociedade Bíblica do Brasil, 2017.
- Bíblia de Estudo NVI. Editora Vida, 2001.
- Bíblia de Estudo Despertar NTLH.Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
- Bíblia Sagrada edição pastoral. Paulus, 2005.
- Novo Testamento. Living Stream Ministry, 2008.
- Davidson, F. O novo comentário da Bíblia vol. III. Vida Nova, São Paulo. 1963.
- BRUCE, F.F. Paulo, o apóstolo da graça: sua vida, cartas e teologia. São Paulo: Shedd Publicações, 2003.
- REINKE, André Daniel. Atlas bíblico ilustrado. São Paulo: Hagnos, 2006.
- Programa Rota 66: Gálatas. Luiz Sayão. São Paulo, Rádio Transmundial.
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