December 31, 2020

Foque no que é essencial

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- Marcelo Barreto

Texto básico: Hb 12.1-2

Textos de apoio
– Sl 90
– Ec 12.13
– Ef 5.15-17
– Rm 8.26-28
– 1Co 9.25-27
– Fp 3.17-20

Introdução

Nossa vida é um presente de Deus. Ele nos criou com um propósito, nos deu uma missão, que se desdobra em várias particularidades, e nos capacitou para ela. Não sabemos nem o dia nem a hora em que ele nos levará desta vida. Costumamos pensar na vida em termos de duração, mas não é a melhor forma de avaliá-la. O que se espera da vida é que continuemos caminhando sempre e fazendo a vontade de Deus.

Várias coisas podem nos fazer perder o foco da nossa missão. Podem ser os questionamentos da adolescência. A preocupação em manter o emprego. O comodismo de uma carreira consolidada. Uma perda inesperada. Uma enfermidade. Tanto o sucesso quanto o fracasso (Pv 30.7-9). O início da aposentadoria. O avançar da idade. É fundamental avaliar sempre como estamos vivendo e procurarmos aproveitar todas as oportunidade que Deus nos coloca à frente (Ef 5.15-17).

É uma tranquilidade tremenda saber que é Deus quem está no controle (Rm 8.16-28), e que ele cuida até dos mínimos detalhes de nossa vida. Então, não precisamos carregar em nossas mentes preocupações desnecessárias e pesos que dificultam a caminhada cristã.

Temer a Deus e guardar seus mandamentos (Ec 12.3). Brilhante conclusão de Salomão! Após experimentar fama, poder, sucesso no trabalho e tudo que leva à “felicidade” (Ec 2.1-26), ele discerniu o que é a vaidade. Uma vida sem sentido, uma vida focada tão somente no que é passageiro. É necessário sabedoria para poder aproveitar as coisas que aqui vivemos. Ter a capacidade de usufruir de tudo, sem perder o que é essencial.

Jesus resumiu a lei em dois pontos: amar a Deus e ao próximo (Mc 12.28-31). O amor a Deus implica em devoção pessoal e comunitária. O amor ao próximo se expande a partir da família, passando pelos irmãos da fé, alcançando lugares mais distantes e desconhecidos, até onde nossa missão alcançar. Então não há ponto final. Não há lugar para parar. É preciso somente ajustar os passos e manter o foco.

Para entender o que a Bíblia fala com base em Hebreus 12.1-7

  • O capítulo doze da carta aos Hebreus começa com uma conjunção conclusiva: “portanto”. Tantos exemplos de ações decorrentes da fé, nos inspira ter foco na corrida proposta. Faça uma lista de pesos e pecados com suas respectivas referências bíblicas. Agora, reflita sobre como a Bíblia trata estas questões (Fl 4.6-16, 2Co 10.5, Gl 6.1-6, Sl 139.23-24, Cl 2.1-16).
  • Porque colocar nosso foco na obra de Jesus (Rm 3.21-28, Rm 1-21)?
  • A vida está repleta de escolhas, no texto, qual foi a escolha de Jesus (1Co 9.20-27, Rm 12.1-2)?
  • Que tipo de escolha precisamos fazer hoje?

Hora de Avançar

Para o homem que viveu em função de seu corpo,
a velhice é decadência; para o homem que viveu
em função do seu espírito, é uma apoteose.


Jean Delay

Para pensar

Abraão é o pai de nossa fé. Ele foi escolhido para que por meio dele conhecêssemos a Deus. Quando analisamos o seu chamado (Gn 12.1-2) percebemos que Deus o escolheu para que tanto ele, quanto seus descendentes, fossem bênção para todas as nações. Olhando a religiosidade atual, tem-se a impressão de que os fiéis estão focando em receber bênçãos e esqueceram de ser bênção.

É interessante como as pessoas mais realizadas e felizes são aquelas empenhadas em ajudar o próximo. Eis mais uma aparente contradição bíblica: há mais alegria em dar que em receber (At 20.35). Avançar na maturidade com este foco é o segredo de uma vida longa, produtiva e plena. Sempre procurando experimentar como o amor de Cristo nos transforma e capacita para podermos amar a Deus e ao meu próximo, mesmo que o próximo esteja longe,

O que disseram

“O que ocupa a minha mente agora é a minha vida presente e a busca daquilo que Deus espera de mim hoje, pois o sentido da vida me parece sempre o mesmo, de cabo a rabo: deixar-me conduzir por Deus.“ (Paul Tournier)

“Para ter uma boa velhice é preciso começar a prepará-la cedo, e não retardá-la o mais possível. Na metade da vida se terá de começar a refletir e a organizar a existência com vistas a um futuro ainda distante, em vez de se deixar levar integralmente pelo torvelinho profissional e social”. (Paul Tournier)

Para responder

  • Você consegue listar os objetivos de sua vida? Seria possível separá-los em objetivos específicos e genéricos, permanentes e temporários? Reflita sobre pesos e pecados que limitam sua caminhada cristã.

Eu e Deus

Muitas vezes me canso da caminhada cristã. A rotina me tira o prazer de fazer a tua vontade e acabo não experimentado a alegria que vem do Senhor e nem experimentando as bênçãos da comunhão com os irmãos. Preciso de renovação e revitalização.

Deus meu. Mostra-me de forma clara o que tu queres de mim.
Guia-me de acordo com tua vontade e dá-me perseverança
em manter o foco. Reaviva em mim um espírito inabalável.

Amém.

Fonte: https://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/aconselhamento/foque-no-que-e-essencial/

December 28, 2020

Você quer ser curado?

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- Ricardo Barbosa

Você que ser curado? Jesus, com certa frequência, fazia essa pergunta aos enfermos que encontrava. Foi assim com o homem que estava doente, preso numa cama havia 38 anos, no tanque de Betesda. Fez pergunta semelhante a Bartimeu, cego e mendigo em Jericó, que clamava dizendo: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”. Quando foi colocado diante de Jesus, ouviu a pergunta: “Que queres que eu te faça?”

Essa pergunta pode parecer ofensiva, porque é claro que o homem enfermo havia 38 anos e o cego queriam ser curados. A resposta à pergunta de Jesus poderia parecer evidente, porém talvez não seja tão óbvia como pensamos.

Ser curado envolve mais do que recuperar a saúde física. Envolve uma mudança em todos os outros aspectos da vida. Um paralítico, ao ser curado, não necessitará mais de alguém para carregá-lo, não poderá mais permanecer em sua cama ou cadeira na porta de alguma igreja mendigando. Terá de trabalhar, cuidar de outros em vez de ser cuidado, deixar de ser uma vítima e se tornar protagonista de sua história. Você quer ser curado?

A cura de Jesus era integral. Ele não apenas curava o corpo, mas também libertava o enfermo das prisões da culpa, rejeição, medo e pecado. Ele restaurava a dignidade da pessoa e a tornava plena novamente.

Ao longo de minha vida, tenho conhecido muita gente enferma que pede para ser curada, mas que no fundo não deseja tal cura. Refiro-me, principalmente, às enfermidades da alma. Muitos tornaram-se tão dependentes da vitimização que não conseguem viver sem responsabilizar alguém por aquilo que são. Outros permanecem presos a sentimentos de culpa, inadequação, perda da autoestima e falta de reconhecimento. Clamam a Jesus por misericórdia, mas quando ele lhes pergunta: “O que queres que eu te faça?”, é possível que a resposta seja: “um novo emprego”, “um salário melhor” ou “um casamento” e por aí vai. Agimos como um prisioneiro que prefere uma boa televisão ou um ar-condicionado na cela à liberdade, porque ser livre dá muito trabalho.

Você quer ser curado? A cura requer, às vezes, um longo período de tratamento e exige disciplina, mudança de hábitos, abandono de vícios, rompimento com o sentimento de vitimização. Precisamos nos levantar, tomar o leito e andar, assumir novas responsabilidades, seguir adiante não cometendo mais os mesmos e velhos pecados.

A pergunta de Jesus é necessária porque nem tudo o que desejamos é, de fato, o que queremos e que estamos dispostos a fazer. Queremos ser curados das feridas do passado, mas não estamos dispostos a perdoar. Queremos ser curados do isolamento e da solidão, mas não estamos dispostos a nos levantar do leito da prostração e caminhar em direção ao outro. Queremos ser curados dos vícios que nos aprisionam, mas não estamos dispostos a nos submeter à disciplina e reestruturar nossos hábitos em torno daquilo que nos forma e edifica.

A pergunta de Jesus segue sendo feita a cada um de nós. Ele não apenas quer nos curar, mas tem também o poder para fazê-lo. A cura do coração, das emoções adoecidas, das relações codependentes e dos vícios requer de nós uma resposta sincera a esta pergunta e submissão ao tratamento proposto por Jesus. Você quer ser curado?

Fonte: https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/378/voce-quer-ser-curado

December 27, 2020

O deserto e a liberdade

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- Ricardo Barbosa

Não é sem motivo que Deus, logo após libertar o povo da escravidão no Egito, os conduziu para o deserto. A passagem pelo deserto era necessária para ajudá-los a deixar para trás a mentalidade da escravidão e a compreender a nova liberdade que Deus lhes estava oferecendo. Quando damos o nosso sim a Deus, ele sempre nos conduz ao deserto.

O nosso deserto não é igual ao das areias do Neguev ou do Saara. Nosso deserto é o lugar onde somos levados a refletir sobre nossas ilusões, as expectativas infantis que nos mantêm alienados, inclusive de pessoas que amamos; os medos que mascaramos ou sublimamos em nossa busca frenética por realização e entretenimento. No deserto, não temos um caminho claro e seguro, nenhuma distração, nada que nos excite. Nele, o futuro é incerto, nos vemos vulneráveis e fragilizados, e experimentamos a força das trevas interiores do medo.

Por outro lado, o deserto é o lugar do encontro com Deus, da rendição do orgulho e da ilusão de sermos senhores do nosso destino. É o lugar da companhia divina, do silêncio diante de Deus, onde a quietude nos ajuda a reconhecer a presença dele. O silêncio que nos torna mais atenciosos à voz de Deus. Para sermos livres, precisamos nos afastar, por um tempo, do mundo dos homens para entrarmos, a sós, no mundo de Deus. Um tempo no qual as paixões, tensões, pressa, vão, lentamente, cedendo espaço para percebermos a realidade à luz da eternidade e restabelecermos o valor correto das coisas. No deserto, reduzimos nossas necessidades àquilo que é essencial.

A enfermeira americana Bronnie Ware escreveu um livro sobre os “cinco maiores arrependimentos ou lamentos de pacientes terminais”. Depois de acompanhar por vários anos estes pacientes, ela listou aquilo que eles gostariam de ter feito e não fizeram, como: ter mais tempo para os amigos e não ter trabalhado tanto. O deserto deles trouxe uma outra dimensão de suas reais necessidades.

Na solidão do deserto, descobrimos a suficiência da graça de Deus. Teresa de Ávila (1515--1582) descreveu num poema sua experiência no deserto:

Nada te perturbe,
Nada te espante.
Tudo passa.
Deus não muda.
A paciência tudo alcança.
Quem tem a Deus,
Nada lhe falta.
Só Deus basta.

Nossa necessidade primeira é Deus. De tudo o que aprendemos no deserto, a lição mais importante é que aquilo de que mais necessitamos encontramos na comunhão com Deus. A experiência do deserto nos conduz ao autoesvaziamento, ao desapego dos ídolos que nos oferecem a falsa segurança, e à completa submissão a Deus e aos seus caminhos. Aprendemos a ver a vida desde a perspectiva da eternidade, o que nos ajuda a colocar em ordem nossos valores.

A verdadeira liberdade nasce do deserto. Foi no deserto que Jesus reafirmou a identidade dele e seguiu livre para realizar a missão dele em obediência ao Pai. Não precisou usar nenhum artifício para se autopromover. Foi livre para fazer o que tinha de fazer, assumir a cruz e, no fim, morrer. 

O deserto nos liberta dos falsos deuses, das mentiras e ilusões que nos fazem pessoas controladoras e manipuladoras. Rompe com a falsa sensação de que temos controle sobre o nosso destino. O deserto nos torna pessoas mais verdadeiras, livres, e mais conscientes de nossa total dependência de Deus.

Fonte: https://www.ultimato.com.br/conteudo/o-deserto-e-a-liberdade

December 26, 2020

Transcendência

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- Ricardo Barbosa

O reverendo John Stott no seu livro Por Que Sou Cristão, onde, de forma pessoal, descreve as razões e os fundamentos da sua fé em Cristo, apresenta as 3 aspirações básicas de todo ser humano: a busca por transcendência, a busca por significado e a busca por comunidade, que, segundo ele, somente a fé em Cristo pode atender. Porém, num certo sentido, as 3 envolvem a realidade fundamental da transcendência.

A transcendência é o princípio que nos liberta de toda forma de reducionismo. Somos inclinados a pensar que tudo que precisamos está disponível dentro da realidade material e tecnológica em que vivemos. Achamos que é possível encontrar significado e realização numa carreira profissional, que por estarmos conectados com o mundo por meio da internet pertencemos a uma comunidade global, ou que, pelo fato de recebermos alguma aprovação nas redes sociais, podemos nos sentir aceitos. São formas reducionistas de perceber a realidade.

A negação da transcendência é, entre outras coisas, uma negação da história, noutras palavras, a negação do passado. O divórcio do presente com o passado numa cultura materialista e tecnológica compromete toda a busca por comunidade e significado. Somos uma espécie de Mr. Bean que despenca de algum lugar incerto do espaço numa noite escura e busca viver de forma desajeitada num mundo sem passado e sem memória.

Meu neto de três anos de idade me pede, com certa frequência, que lhe conte histórias da minha infância. De alguma forma o presente dele está ligado ao passado de sua família. A fé que ele abraça hoje é a fé dos seus pais, avós e bisavós. É nesse sentido que afirmamos que a fé cristã é histórica. 

Cremos no Deus de Abraão, Isaque e Jacó, no Deus de nossos antepassados e que se torna o nosso Deus pessoal. Essa percepção histórica da ação e presença de Deus nos ajuda a entender a importância da transcendência na história e a compreender a realidade mais ampla e profunda de Deus, que sempre agiu com seu braço forte libertando, perdoando e salvando. Muitos jovens não acreditam que alguma coisa relevante possa ter acontecido antes da descoberta do computador, celular e internet.

Somos seres alienados num universo falsamente conectado. A percepção reducionista da realidade bloqueia a memória e encobre o passado. Como forma de nos proteger das feridas do passado, desenvolvemos comportamentos compensatórios e atuamos no presente como nossos próprios redentores e fabricantes da realidade. Quanto mais confiamos em nossos mecanismos compensatórios, menos experimentamos a presença redentora e transformadora de Deus. Tornamo-nos tão dependentes do presente e de nós mesmos que Deus é percebido apenas nos fragmentos de algumas situações pontuais, mas não como presença eterna.

A perda da transcendência nos leva a olhar para a vida e não encontrar sentido. Vivemos conectados, porém sem comunidade. A história de Israel é a história de um povo muitas vezes oprimido, exilado, escravizado, esperando pela salvação de Deus. O trabalho dos escribas era o de preservar na memória do povo os grandes feitos de Deus. As festas sagradas eram um meio de preservar o passado no presente e apontar para o futuro. Era a história que ajudava o povo na sua busca por identidade. 

A busca humana por transcendência, significado e comunidade acontece quando reconhecemos Deus numa longa história. Podemos olhar com confiança para o futuro porque trazemos na memória os feitos de Deus na grande história da redenção.

Fonte: https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/370/a-perda-da-transcendencia-na-historia

December 25, 2020

União com Cristo

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- Ricardo Barbosa

O reformador João Calvino, nas suas “Institutas da Religião Cristã”, apresenta, entre outros, um tema caro e central para a espiritualidade cristã: a união com Cristo. Ele afirma: “Portanto, para que nos transfira os benefícios que ele recebeu do Pai, é necessário que ele se faça nosso e habite em nós”. Temos nesta afirmação de Calvino duas grandes verdades espirituais: a primeira diz respeito a receber todos os benefícios que Cristo recebeu do Pai; a segunda envolve a habitação de Cristo em nós.

Deixe-me começar pela segunda afirmação. Os capítulos 13 a 17 do Evangelho de João são conhecidos como “a conversa no Cenáculo”. Nesta conversa, Filipe pergunta: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta” (14.8). A resposta de Jesus é a chave para entender o princípio da união com ele: “Quem me vê a mim vê o Pai” (14.9). Jesus segue explicando a Filipe que ele está no Pai e o Pai está nele, porque as palavras do Pai são as palavras do Filho e as obras que este faz são as mesmas obras do Pai. Por isso, quem vê o Filho, vê o Pai. A mesma palavra é o princípio que revela a união eterna do Pai com o Filho.

Este mesmo relacionamento que o Filho tem com o Pai e o Pai, com o Filho é estendido aos discípulos: “Naquele dia, vós conhecereis que eu estou em meu Pai, e vós, em mim, e eu, em vós” (14.20). De que forma isso é possível? Jesus responde: “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada” (14.23). O princípio é o mesmo: a palavra. O Filho eterno vive e age pela palavra do Pai. Os discípulos guardam a palavra do Filho e por ela vivem, e, por meio da palavra, o Pai e o Filho fazem sua habitação em nós; dessa forma, participamos da comunhão divina. Permanecemos em Cristo somente quando permanecemos na palavra. Quando nossa mente, nossos desejos e vontades forem moldados pela palavra de Cristo, viveremos como Cristo e a vontade de Deus será a nossa vontade, os desejos de Deus, os nossos desejos, e, assim, teremos o que Paulo chama de “a mente de Cristo”.

Deixe-me considerar agora a primeira parte da afirmação de Calvino: “Para que nos transfira os benefícios que ele recebeu do Pai”. O reformador reconhece que a vida, crucificação, ressurreição e ascensão de Jesus nos concederam os mesmos benefícios que o Filho Eterno recebeu do Pai. Veja o que Jesus afirma aos seus discípulos: “Aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará porque eu vou para junto do Pai” (14.12). E mais: “Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (15.5). Como é possível para nós, discípulos de Cristo, fazer o que ele fez e, até mesmo, coisas maiores? O que significam estes frutos que só podem ser produzidos por meio de Cristo? São estes os benefícios que Cristo recebeu do Pai e que são transferidos a nós em nossa união com ele.

Jesus promete o Consolador, o Espírito Santo. Se, por um lado, nossa união com Cristo existe por causa da palavra, por outro, a presença e o poder da palavra só são reais pela ação do Espírito. O Espírito Santo é o Espírito da verdade, que irá nos conduzir “a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido […] Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (16.13-14). O Espírito Santo vem da parte de Deus para tornar essa união possível e real. Da mesma forma que o Filho não tem uma palavra que seja sua -- ele fala daquilo que ouve do Pai --, o Espírito, também, transmite o que o Filho nos ensinou e nos ajuda a guardar a palavra do Filho, assim como o Filho guarda a palavra do Pai.

Para participar da união com Cristo precisamos da Palavra e do Espírito. Não se trata apenas do conhecimento intelectual da Palavra de Deus, mas da habitação real dela em nós, e isso é realizado pelo Espírito Santo. Dessa forma, como afirma Calvino, os benefícios que o Filho recebeu do Pai tornam-se nossos. Calvino expressa da seguinte maneira essa realidade: “Portanto, a íntima ligação da Cabeça e membros, a habitação de Cristo em nosso coração - a união mística - estão em harmonia conosco em elevado grau de importância; assim, pois, Cristo, tendo sido feito nosso, torna-nos participantes com ele nos dons, nos quais ele está dotado” (“Institutas”).

Fonte: https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/366/uniao-com-cristo

December 24, 2020

Feliz Natal

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Chérie,

Natal é tempo de amor, alegria e esperança: Jesus, o Menino Rei, nasceu!

Mas como celebrar em meio a tantas perdas sofridas?

Talvez o desafio seja agradecer. 

Para ter os olhos do coração restaurados e perceber que a vida é preciosa e que cada segundo conta (se Deus é amor, Ele se manifesta por meio de relacionamentos) - muito obrigada pelo privilégio de fazer parte da sua vida!

Nesta noite de Natal a minha oração é que Jesus renasça em nossos corações e renove nossas forças para que em 2021 possamos voar como águias e nos tornar tudo o que Ele sonhou para nós ; ).

Feliz Natal!

Bjs,

KT
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December 23, 2020

Algo maior acontecendo (agora mesmo ; )

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Temor e mistério
- Ricardo Barbosa

Eu sempre gostei do Natal. Embora seja uma data muito criticada pelos cristãos em virtude do forte apelo comercial e dos hábitos culturais importados, que nada têm a ver com o seu significado bíblico e histórico, ainda assim, eu gosto de celebrá-la.

A história do Natal é cheia de mistérios: visita de anjos, a gravidez de Isabel já idosa, a gravidez de Maria, ainda virgem, pelo poder de Deus, o nascimento de Jesus, o coro de anjos no céu, estrelas guiando os magos etc.

O advento do Natal é cheio de cenas surpreendentes que nos levam a um cenário completamente distante do nosso universo racional e científico. Quando olho para pessoas como Isabel e Zacarias, Maria e José, os magos e os pastores, personagens centrais na história da salvação, fico pensando se minhas reações seriam semelhantes às que eles tiveram, se haveria em mim lugar para participar desta história. A resposta mais provável seria que não. Minha jornada de fé é muito racional, sem espaço para mistérios, visitas de anjos, sonhos ou visões.

A pergunta que eu me faço diante deste cenário é: qual a virtude espiritual necessária para compreender, aceitar e participar dos mistérios de Deus e sermos agentes da sua história da salvação? Penso que a resposta a esta pergunta está numa expressão que aparece várias vezes na narrativa bíblica do Natal: temor.

Zacarias, Maria, José e os pastores, ao receberem a visita do anjo do Senhor, ficaram perturbados e confusos. O anjo, porém, os acalmou dizendo que não tivessem medo, e todos responderam a Deus com profunda reverência e temor. Maria, frente ao inusitado, se coloca perante Deus e, com humildade, temor e reverência, responde dizendo: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra”. Sua postura diante do anúncio dos propósitos de Deus revela o temor com que tratou os segredos que lhe foram confiados.

Para sermos agentes da história da salvação, precisamos aprender a cultivar o temor ao Senhor, a reconhecer que Deus é o Criador e Senhor, e nós, suas criaturas e servos. Afirmações bíblicas como: “O Senhor está no seu santo templo, cale-se diante dele toda a terra” (Hb 2.20); “A intimidade do Senhor é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança” (Sl 25.14), “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus…” (Sl 46.10) são cada vez mais raras entre nós.

Sem temor e reverência seria impossível a resposta de Zacarias, de Maria ou dos pastores nos campos de Belém à visita do anjo do Senhor. Da mesma forma, a resposta de Jesus no Getsêmani seria impossível sem a absoluta submissão do Filho ao Pai. Foram o temor e a reverência que deram aos discípulos a condição de participar de eventos como a transfiguração, a ascensão e os sonhos e diferentes visões que deram rumo à igreja em Jope, Corinto ou Patmos. Deus fala, nós ouvimos. 

Ordena, e nós obedecemos. O temor e a reverência são a postura adequada diante da grandeza, majestade, santidade e poder de Deus.

Com a mente e o coração agitados, não é possível compreender os mistérios de Deus, ouvir sua voz através de sua Palavra ou perceber aquilo que ele está fazendo. A falta de reverência e temor para com o sagrado transforma a realidade divina e eterna em algo completamente humano, terreno, fútil e banal. Invertemos a ordem da criação.

“Não temas!” Esta foi a expressão mais comum nos dias do primeiro Natal. 

O temor, por um lado, levou os protagonistas desta história a se curvarem diante do inusitado, do incomum. A não tratarem com indiferença a visita do Senhor. A não tentarem manipular, racionalizar ou espiritualizar a manifestação do Todo-Poderoso. Por outro lado, Deus olha para o nosso assombro, e se aproxima e diz: “- Não temas, sou eu, é meu anjo, é minha promessa”. 

O temor nos leva a aquietar o coração, a acolher a promessa, a esperar a salvação e a nos entregar ao serviço e propósito de Deus.

O Natal é um tempo em que somos convidados a olhar para este cenário tão incomum nos nossos dias. 

A reconhecer que os caminhos de Deus não são os nossos caminhos e seus pensamentos não são os nossos pensamentos; que não podemos aprisionar Deus em nossos limitados esquemas religiosos. Ele é o Criador e Senhor; nós, suas criaturas e servos. 

“Glória a Deus nas maiores alturas” (Lc 2.14).

Fonte: https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/316/temor-e-misterio

December 18, 2020

Manual para não se tornar um idiota neste Natal

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- Ruth Manus

Sim, estamos todos cansados. E estamos mesmo. Todos em Portugal, no Brasil, no Canadá, na Bélgica, em Angola ou na China querem viver algo – nem que seja uma noite – dentro da antiga normalidade. 

E o Natal se apresenta como uma ocasião muito tentadora por uma série de razões. Mas precisamos racionalizar e conversar um pouco sobre isso.

1 Não use “as tradições” como desculpa para ser inconsequente

Não. O fato de todo ano haver uma importante festa no jantar de 24 e no almoço de 25 desde que você nasceu, não é desculpa para jogar a pandemia para o alto. Frequentemente, a noção de tradição é utilizada como forma de tentar justificar coisas que já não são adequadas na atualidade. Não faça isso com o Natal de 2020.

Não ache que a sua família se vai tornar menos unida por não haver festa de Natal

Se a sua família tem uma base genuína no amor e na afetividade, não vai ser a ausência de uma festa que reúna todo mundo que vai fazer com que os laços se tornem mais fracos. Pelo contrário, não fazer uma festa com todos juntos é que é sinal de respeito e cuidado. E se sua família não está baseada no afeto constante, desculpe avisar, mas infelizmente sua festa de Natal é apenas uma fachada.

3  Não coloque a culpa nas crianças

Muita gente diz que só vai fazer festa por causa das crianças. Crianças não precisam de todos os tios e primos para se divertirem. É absolutamente possível fazer uma comemoração doméstica sem aglomeração e proporcionar uma noite maravilhosa. Crianças precisam de pouco. Crianças não vão crescer traumatizadas por causa de um Natal diferente. Mas vão crescer tristes se perderem os avós mais cedo do que o necessário.

Não saia fazendo compras como sempre fez

Sim, precisamos ajudar a economia. Obviamente não estamos defendendo um Natal de consumo desenfreado, mas pregar um consumo zero nesse Natal também não me parece saudável. Mas nada de lotar em shoppings centers, tentando repetir os hábitos dos outros anos. Compras online, compras de pequenos produtores, novas soluções.

Não ache que “só umas horinhas” são “só umas horinhas”

Não, uma festa com 20, 30 pessoas não é inofensiva no momento que atravessamos. Mesmo que dure pouco, mesmo que ainda se tente ficar de máscara. As pessoas vão comer e beber. Vão falar sem máscara. As pessoas estarão em lugares fechados. Não arrisquem.

Não coloque a culpa na religião

Assim como é fácil justificar a nossa vontade de comemorar “culpabilizando” as crianças, também é muito fácil fazer o mesmo com a religião. Não, não é pecado deixar de reunir a família num ano de pandemia. Não, você não vai para o inferno por respeitar as normas de saúde pública. Não, Deus não vai se ofender se não houver peru.

Não decepcione o aniversariante

Pergunte-se o que Jesus preferiria. Questione se ele, sabendo do risco para a saúde das pessoas, em especial os idosos, quereria grandes festas em sua homenagem. Se ele ficaria satisfeito com famílias enormes aglomeradas, com enorme risco de contaminação (de membros da família e, posteriormente, de terceiros), para festejar o dia do seu nascimento. A resposta é muito fácil.

Lembre-se que no ano que vem, há Natal outra vez

No ano que vem também há Natal. O que não sabemos é se ainda estaremos aqui. Nenhum de nós sabe – e é assim todo ano. O que sabemos é que a probabilidade de estarmos juntos no ano que vem é bem maior se não contrairmos Covid-19. Bem como sabemos, que se formos diligentes nesse Natal, é provável que em 2021 os abraços e festejos sejam retomados sem a dor de algum membro da família estar faltando.

Fonte: https://observador.pt/opiniao/pequeno-manual-para-nao-ser-um-idiota-neste-natal/

December 17, 2020

A verdadeira sabedoria: nem diplomas, nem palavras

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Texto básico: Tiago 3.13-18

Textos de apoio

– Deuteronômio 4.6-8
– Provérbios 8.1-21
– Salmos 19.7
– João 18.33-38a
– Efésios 4.17-32
– Tiago 1.2-8

Introdução

Como identificamos uma pessoa sábia? Pelo nível de conhecimento sobre determinado assunto? Pelas suas “posses culturais”? Pelo número de anos de estudo “formal”? Pelo número de diplomas e títulos acadêmicos? Pelas decisões ponderadas e bem-sucedidas? Bem, todas essas coisas são importantes e podem enriquecer a nossa “sabedoria”.

Mas o Novo Testamento e, no nosso caso, a carta do apóstolo Tiago, apresentam um critério especial para “classificar” alguém como sábio ou sábia: o comportamento. Ou, se preferirmos, os “frutos” gerados pela pessoa no seu proceder cotidiano.

Uma vez mais temos diante de nós o convite desafiador para cultivarmos um viver integrado, que diminua o hiato (a distância) entre o que professamos e o que praticamos. Coerência é a palavra de ordem.

De acordo com Tiago, o “certificado” dos sábios não será encontrado pendurado na parede, mas no coração das pessoas que convivem com eles, pois elas vão perceber e testemunhar que a vida daqueles “sábios” (ainda que nem utilizem esta terminologia) apontam para um “lugar mais alto”; ou melhor ainda, para uma “sabedoria do alto”!

Para entender o que a Bíblia fala

1. Quais são os “critérios” estabelecidos por Tiago para determinar se alguém é “sábio e entendido” (v. 18)? O que significa agir (mostrar “obras” e “ações”) com “humildade e sabedoria” (NTLH)*?

2. De acordo com Tiago, que “sentimentos” e “atitudes” acabam minando a verdade entre nós (v. 14)? De que forma a inveja (“ciúmes”) e o egoísmo (“sentimento faccioso”) podem corromper a verdade e a “sabedoria”?

3. Nos vv. 15-17, o apóstolo faz uma diferenciação entre a “sabedoria do alto” e a “sabedoria terrena”. Quais são as características de cada uma delas? E quanto aos “resultados” de cada uma, o que elas produzem?

4. “Pois a bondade é a colheita produzida pelas sementes que foram plantadas pelos que trabalham em favor da paz” (v. 18, NTLH*). Como a genuína sabedoria (“do alto”) pode transformar aquele que a possuí em um autêntico “pacificador” para a igreja e a sociedade?

*Nova Tradução na Linguagem de Hoje.

Para pensar

Em tempos de pós-verdade, as informações sobre o nosso cotidiano são instintivamente postas sob suspeita: “Será?”. (…) Um jeito que muitos encontraram para escapar das dúvidas foi a escolha de um lado no espectro político: se você é de direita e conservador, você ouvirá e crerá nas verdades que emanam dessas fontes. Mas se você for de esquerda, tenderá a dar mais crédito às verdades que essa linha ideológica dissemina. E passará a rejeitar (até por necessidade de sanidade) o que venha de “fontes suspeitas”. Quase sempre estas serão as fontes “do outro lado”. Entretanto, há aqueles que não se contentam com tais reducionismos. Sabem que a verdade não tem partido, não é propriedade de nenhuma ideologia. E imaginam que ela aparecerá, cedo ou tarde, no todo ou em parte; e não querem se deixar dominar por simpatias ou antipatias, de modo que sua mente se conforme ao ponto de não lhe permitir mais enxergar a verdade verdadeira. (…) Vejo-os como aqueles bem-aventurados que têm fome e sede de justiça. Gente humilde, que discerne também as dificuldades e as limitações daqueles que têm mais certezas; que “sabem” o caminho para a fonte da certeza; que se colocam “do lado certo” e não sofrem tanto o “processo da verdade”. São, paradoxalmente, bem-aventurados, porque sofrem; mas são aqueles a quem recorrerão os necessitados de conselho, de discernimento, de ajuda.” (Rubem Amorese, em Bem-aventurados os que têm fome e sede da verdade)

“A sabedoria… não é um conjunto de ideias abstratas, mas algo que é melhor compreendido através de exemplares – seres humanos vivos que são vistos como personificação dessas ideias, e são capazes de expressá-las na prática. Aprendemos o que significa ser bom, fiel e carinhoso através de encontros com pessoas que exemplificam essas qualidades e evocam tanto admiração de nossa parte quanto um desejo de emulá-las. (…) O cristianismo não oferece apenas uma nova maneira de contemplar nosso mundo, mas uma capacidade aprimorada de viver dentro dele e de lidar com suas incertezas e complexidades, bem como nossa própria fragilidade e falhas. (…) A realidade é complexa e ambivalente; a sabedoria exige que reconheçamos isso em vez de forçá-la a ser uniformemente simples e positiva. (…) Ela exige uma profunda imersão nos paradoxos e problemas de viver em um mundo resistente a interpretações rápidas e fáceis. Os “sábios” são aqueles que estão dispostos a adaptar seus padrões de pensamento e vida a este mundo complexo em vez de tentar forçar o mundo a se conformar com suas ideias preconcebidas. A sabedoria exige que respeitemos e abracemos ativamente um profundo mistério, algo que transcende os limites da compreensão humana.” (Alister McGrath em Como lidar com a incerteza – de “saber tudo” para “entender um pouco”).

“E agora, José?”

1. Este trecho da carta de Tiago nos lembra uma vez mais sobre a necessidade de coerência na nossa vida. Aquilo que professamos deve estar em sintonia com aquilo que praticamos em nosso viver. À luz do nosso texto bíblico, e em oração, faça uma avaliação sincera sobre a “sabedoria” que tem prevalecido em sua caminhada cristã – a “sabedoria do alto” ou a “sabedoria terrena”?

2. A partir da avaliação que realizou logo acima, você consegue identificar e se comprometer com pelo menos uma ação prática que poderia ajudá-lo a ser mais “sábio”, de acordo com os critérios apresentados pelo apóstolo Tiago (v. 17)?

Eu e Deus

“Não há santidade, Senhor, se retiras tua mão; nenhuma sabedoria será proveitosa, se desistires de orientar; força nenhuma conta, sem a tua conservação.

Pois abandonados, afundamos e perecemos; mas visitados, nos erguemos e vivemos.

Somos instáveis; por ti nos firmamos. Tíbios, por ti nos afervoramos. Foi absorvida toda vanglória na profundeza de teus juízos sobre mim.

Que é a carne diante de ti? ‘Acaso se gloriará o barro contra quem o plasma’ (Is 29.16)?

Como poderá erguer-se com jactância o coração daquele que de verdade é submisso a Deus?

O mundo inteiro não consegue ensoberbecer aquele que se submete à verdade; nem os lábios elogiosos poderão abalar quem firmou toda a esperança em Deus. Pois aqueles que falam, nada dizem; passarão com o som das palavras; porém ‘a verdade do Senhor permanece para sempre’.”

(Tomás de Kempis, A Imitação de Cristo, 3. 14)

“Um dia, profecia, línguas e conhecimento desaparecerão e cessarão, mas o amor durará para sempre.” (1 Coríntios 13.8, Nova Versão Transformadora)

Fonte: https://ultimato.com.br/sites/estudos-biblicos/assunto/espiritualidade/bem-aventurados-os-que-tem-fome-e-sede-da-verdade/

December 16, 2020

Center of my life

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Let my walk speak loud
And my words be true
Let my life be whole and my eyes on You
Lord I'm stepping out, from the comfort zone
Letting go of me, holding on to You

Freedom comes, when I call You Lord
You are Lord, my God

You are the Centre of it all
The universe declares in awe
Your Majesty, I surrender all
I make You the Centre of my life
Lord I respond with all I am
You placed in me the song
Of Heaven's melody
Your Majesty, I live to sing Your song

I have found Your peace,
it replaces any fear
You have done it all, I can trust in You
Lord I'm stepping out, from the comfort zone
Letting go of me, holding on to You

This is Your song, not mine
It is Your song, that brings healing to this land
This is Your song, not mine
It is Your song, that brings freedom

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December 09, 2020

Pronto para a aventura

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Há muitos anos eu disse: eis-me aqui!

- Timóteo Neves

A partir dos doze anos comecei a ver a minha vida como uma grande aventura. Até então tinha morado em Jataí, uma cidade no sudoeste de Goiás, mas daquele ponto para frente minha família voou longe. Primeiro mudamos para a África do Sul, aonde passamos 1 ano aprendendo inglês, e depois nos mudamos para o Líbano, onde estamos por quase 10 anos.

Eu e meu irmão fomos lançados em anos escolares decisivos no Líbano. Eu comecei no 1º ano do ensino médio, e tive que encarar matérias que eu sabia muito pouco como química, física e matemática em uma língua que eu não sabia quase nada: o libanês. A língua oficial da escola era o inglês, mas a maioria dos professores e colegas ao meu redor falavam uma salada de frutas de inglês, árabe e um pouco de francês, que é o normal do país. Foi um desafio muito grande passar aquele ano letivo, e eu desenvolvi um trauma da língua local.

Era claro para mim que tinha muito mais potencial na área de humanas; porém, o que eu não sabia era como Deus me apontaria justamente para a área de línguas. No meu último ano de escola queria fazer design gráfico, e depois decidi fazer literatura inglesa por sempre gostar de ler e escrever. No final das contas, fiz linguística em inglês com licenciatura, e não literatura. Minha motivação tinha sido bem simples: permaneci no Líbano porque achei mais viável ficar perto de meus pais, escolhi linguística porque as matérias me chamaram mais atenção do que literatura e escolhi uma universidade cristã porque ela tinha reputação na área de inglês. Porém, Deus estava me guiando com essas decisões.

Fazer linguística em inglês me ajudou a aprender mais sobre a língua libanesa e a superar o trauma que tinha, me ajudando a desenvolver uma paixão maior pelos libaneses. Além disso, como a universidade era cristã, eu tinha a companhia de outros jovens que compartilhavam a minha fé em cultos semanais e estudos bíblicos. Nessa época, eu não estava mais morando com meus pais, então senti um chamado para servir a Deus de uma forma mais individual.

O versículo que sempre tive em mente é um que Paulo deixou ao meu xará alguns milênios atrás em 1 Timóteo 4.12 – “Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.” Sendo brasileiro (e alto), eu sempre chamava atenção nos grupos em que fazia parte, e tentei usar essas oportunidades para espelhar um caráter cristão. Durante os últimos anos me envolvi com diversos grupos e ministérios: o LIVF Líbano, que trabalha com jovens universitários no país, o de estudos bíblicos para céticos em Beirute, o de jovens cristãos da minha universidade e o de filhos de missionários organizada pela Philhos (AMTB).

Sei que minha vocação é na área de ensino de línguas e na área de escrita. Por enquanto não tenho um chamado para algum lugar específico, e mesmo agora que completei meu curso não sei onde estarei nos próximos meses. Porém, o que aprendi é que o 1o. passo é se dispor a servir. Assim que nos dispomos, Deus já começa a usar tanto as nossas habilidades como nossos traumas e fraquezas. 

Há muitos anos eu disse: eis-me aqui! Hoje vejo como Deus guiou minhas decisões e me usou por onde passei. Ainda repito: eis-me aqui! 

Estou pronto para continuar a aventura.

Fonte: http://ultimato.com.br/sites/jovem/2020/09/02/pronto-para-a-aventura/

December 08, 2020

Solução

  1. Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro?
  2. O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.
  3. Ele não permitirá que os teus pés vacilem; não dormitará aquele que te guarda.
  4. É certo que não dormita, nem dorme o guarda de Israel.
  5. O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita.
  6. De dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua.
  7. O Senhor te guardará de todo mal; guardará a tua alma.
  8. O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre.

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December 07, 2020

Confiar

Você realmente confia em mim?
- Joyce Meyer

Deus tem bênçãos guardadas para cada um de nós. Antes de você e eu podermos recebê-las, Ele precisa desenvolver em nós um certo nível de maturidade e faz isto através de várias provações que somos conduzidos a passar. Assim como o Espírito Santo conduziu Jesus para o deserto para ser provado antes de promovê-Lo ao ministério, o Espírito de Deus nos conduz a épocas de provações antes de nos promover. Deus usa as provações para tirar de nós atitudes, mentalidades e comportamentos errados.

Uma provação que Deus nos concede repetidamente é a provação da confiança. Quando nossa fé é provada, estamos sendo preparados para a promoção. Quando Deus pediu para eu deixar a igreja em que servia, foi muito difícil CONFIAR que o lugar onde Ele estava me levando seria melhor de onde eu estava porque todas as pessoas me conheciam e eu era importante (ou pensava que era). Porém, quando deixei de fato, Deus tirou a minha confiança destas coisas e estabeleceu uma confiança profunda nEle e somente nEle.

DEUS QUER QUE CONFIEMOS NELE até mesmo quando não entendemos o que está acontecendo. 

Talvez vc esteja em uma situação difícil agora e é difícil para vc confiar em Deus para suprir suas necessidades. Talvez Deus falou algo com vc em seu coração e vc não entende como Ele vai fazer com que isto aconteça. Não entre em pânico, é apenas uma prova. Vá a Deus e diga a Ele "Pai, preciso da sua ajuda. Quero confiar em Ti, mas estou tendo dificuldades. A Tua Palavra diz que posso ir a Ti e pedir por graça para ajudar-me quando eu precisasse (Hb 4: 16). Por isto estou aqui agora. Como um ato da minha vontade, eu escolho lançar todas as minhas preocupações e ansiedades em Ti e peço que cuide delas (1 Pe 5: 7). Recebo Tua graça para confiar em Ti e para entrar no Teu descanso".

Uma vez que vc lançou seus cuidados nEle, comece a pensar em todas as vezes na quais Deus proveu no seu passado e cumpriu o que Ele disse em seu coração. Pode ser que vc queira escrever uma lista.

A sua confiança em Deus vai crescer e a paz dEle vai inundar a sua alma. Antes de vc perceber, a provação vai ter passado e vc estará desfrutando de um novo nível de vitória em sua vida.

December 05, 2020

Reina o Senhor!

  1. O Senhor reina! Vestiu-se de majestade; de majestade vestiu-se o Senhor e armou-se de poder! O mundo está firme e não se abalará.
  2. O teu trono está firme desde a antiguidade; tu existes desde a eternidade.
  3. As águas se levantaram, Senhor, as águas levantaram a voz; as águas levantaram seu bramido.
  4. Mais poderoso do que o estrondo das águas impetuosas, mais poderoso do que as ondas do mar é o Senhor nas alturas.
  5. Os teus mandamentos permanecem firmes e fiéis; a santidade, Senhor, é o ornamento perpétuo da tua casa.
PS- Para ouvir a trilha do dia: https://www.youtube.com/watch?v=YzQcIeHPmK4
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December 04, 2020

Quando não há mais nada a ser feito

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- Fabricia Soares

Eu sempre ouvi, em casa ou fora dela, sobre o esforço que temos que fazer para alcançar qualquer coisa. De fato, acredito que algumas performances dependem mais de nós, mesmo. Mas, nesse momento, gostaria de falar sobre o que não se pode mais fazer.
As expressões “não fazer”, “desistir” ou “não consigo” carregam um peso muito grande ultimamente, porque o que mais temos lido e ouvido é que somos capazes de tudo e o “não fazer nada” gera a maior frustração. Começamos incansavelmente a provar para nós mesmos que podemos e, diante disso, estamos convivendo ao lado de pessoas extremamente ansiosas e frenéticas, que não conseguem parar.
Essa motivação desenfreada também vale para as mensagens cristãs que ouvimos, que colocam nossa fé como um poder sobrenatural com o qual sempre seremos vitoriosos. E assim, convivemos com pessoas que não sabem lidar com a frustração.
Não estamos prontos para o “Não há o que fazer”. Ouvir isso nos paralisa, nos frustra e nos tornamos impotentes diante das possibilidades nulas.
A cena do luto das duas irmãs que perderam seu irmão há quatro dias é uma clara experiência das possibilidades esgotadas. E mais, as impossibilidades as fizeram crer que, no período de dificuldade, elas estiveram sozinhas, como dito: “ Senhor, se estivesses aqui, meu irmão não teria morrido (João 11.32)”.
Essa declaração de Maria não se difere do sentimento de solidão que muitos passam em momentos de dificuldades e do qual o próprio Jesus falou, primeiro sobre os amigos (João 16.32); depois sobre o próprio Pai (Mateus 27.46).
Maria e sua irmã estavam sendo acompanhadas pelos judeus, irmãos de fé, familiares e amigos, talvez uma realidade não distante de nós, que, além da família, buscamos ajuda inclusive de profissionais, para nos fazer entender e superar nossas faltas.
O que percebo é que não há nada de mais em não poder fazer alguma coisa. 
Não há nada de mais em confessar que não podemos mais, que as possibilidades acabaram e que a esperança se esvaiu. Não há problema em dizer que estamos cansados e que não vamos mais lutar.
O problema está em querer fazer valer a nossa vontade, quando o momento é para parar e observar os lírios dos campos. O problema está em não enxergar Deus no momento de dor e se esquecer do que pode dar esperança. O problema é pensar que Deus tem alguma obrigação de nos atender, sendo que o maior milagre já foi consumado na Cruz. O problema está em se sentir suficiente e capaz de resolver tudo, enquanto o que você deveria era não fazer nada.
Como disse anteriormente, não poder fazer alguma coisa é um alívio. Alívio, porque conhecendo um pequeno fragmento da Graça, percebo que é Cristo que fez e faz todas as coisas.
Há momentos em que devemos fazer, mas há momentos em que devemos apenas ouvir, como Lázaro, e não há nada de errado em não fazer nada.
Fonte: https://ultimato.com.br/sites/jovem/2020/11/18/quando-nao-fazer-nada-e-uma-boa-escolha/
PS- Para ouvir a trilha do dia: https://www.youtube.com/watch?v=9xPzTSpbYmk
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